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26 de agosto de 2009

O GATO SEM CABEÇA

Uma noite eu e meu irmão Leandro estávamos brincando na parte externa da nossa casa. A gente tinha um vizinho, que era negro filho de escravos. Ou seja: ele era muito, muito velho, e devia ter Alzheimer, porque era bem estranho e debilitado mentalmente; Por causa da situação dele eu morria de medo (criança é uma desgraça mesmo).

O muro que separava nossas casas era baixinho, então dependendo de quem andava na casa dele, a gente via a parte de cima da cabeça.

Bom, nessa noite a gente estava brincando ali numa boa, quando de repente eu noto com o canto do olho “algo” andando sob o muro. Indico aquilo para o meu irmão e pergunto, já meio apavorado: “O que é aquilo ali?!?!”.

Meu irmão olha, fica quieto por uns segundos (deve ter dado um curto no cérebro dele também) e então fala: “Ah, deve ser alguém ai na casa do seu Florêncio passando...”. Ele estava querendo me enganar para se enganar também. Estava escuro a beça do lado de fora, não dava pra ver nada só com a luz fraca que vinha do poste na frente de casa. O que a gente via era uma silhueta negra e gorda, toda redonda, do tamanho de um gato grande, se balançando sobre o muro, vindo em nossa direção.

Quando chegou bem perto, eu falei “Não é gente não, ta em cima do muro!”. Ai meu irmão, morrendo de medo também, gritou: “É UM GATO SEM CABEÇA!!!”. E saiu correndo pra dentro de casa. E eu sai correndo atrás dele.

Minha mãe saiu para ver o que era, com uma vassoura na mão. Foi quando ela voltou aliviada e disse para mim e para o meu irmão: “Seus malucos! ERA SÓ UM OURIÇO!!!”.



E desde então eu aprendi o que era um ouriço mamífero, porque até aquele momento eu só conhecia o ouriço marinho.


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