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30 de julho de 2008

LOUCO, EU?


Se você assistiu o filme BATMAN – DARK KNIGHT (Batman – O Cavaleiro das Trevas) , então deve ter visto o Coringa. Não um Coringa qualquer, bobo, caricato e até mesmo infantil, mas sim um Coringa psicopata, insano, de pensamento veloz e afiado, capaz de arquitetar planos dentro de planos, em tantas camadas que é difícil sequer imaginar. A loucura, como dizem, nada mais é do que um estágio extremamente elevado de inteligência.


Eu não gosto de spoillers, mas se você não viu o filme, saiba que vou contar algumas coisas que podem estragar a surpresa de quando for vê-lo de fato.


No filme o Coringa conta diversas vezes a história de como ganhou aquelas cicatrizes. E cada vez, a história é totalmente diferente. Mas a primeira versão que ele conta me deu muito no que pensar. Ele disse que seu pai era um viciado que, certa noite, chegou em casa muito mais chapado do que o normal. Começou a brigar com a mãe dele, e então pegou um canivete e cortou as duas bochechas da mãe. O homem virou-se então para o pequeno “pré-Coringa”, e colocando a faca em sua boca, lhe perguntou:


“Isso é divertido, não? Então porque você está TÃO sério?! Vamos por um SORRISO neste seu rosto!”.


Durante todo o filme o Coringa tenta provar o que eu já sei faz tempo: as pessoas não prestam, e seriam capazes de comerem umas as outras quando as coisas ficam feias. Como meu irmão falou, eu também fiquei com medo de ter COMPREENDIDO o Coringa, sua frustração e sua fúria. Isso significa que eu tenho uma psicose escondida dentro de mim? Espero que não, mas se tiver, que isso não seja usado contra mim no tribunal, ok?


Tenho esta impressão do mundo. As coisas que eu encaro e que maioria absoluta de nós encara todo santo dia nesse mundinho que parece pior a cada dia que passa com nossa presença é tão feia, cruel e macabra quanto ver um homem matar sua própria mãe diante de você. E então este mesmo mundo põe uma faca na sua boca, e te pergunta porque diabos você está tão sério!


“Sorria, seu maldito! Sorria para a desgraça, se não eu providencio para que o que é ruim fique pior ainda!”.


São os sapos que você tem que engolir, é a cobrança absurda sobre coisas que não tem a menor importância, apenas para que o mundo continue a girar. Já cansei de falar que eu acho que o mundo está todo maluco, que nos perdemos nos meios e nos esquecemos dos fins, e que as pessoas se perderam demais no meio desta selva de intensões que a humanidade tem que atravessar.


Você tem que ter tempo para tudo e para todos, menos para você. Você tem que ter disposição para qualquer coisa que não seja do seu interesse. Então, se não quer ficar maluco, trate de ter interesse nestas coisas. Ou seja: transforme-se em um zumbi e pense como todos pensam, se não, você será mandado embora do seu serviço, ou vai ter a boca cortada por uma faca.


Não é estranho imaginar que o Coringa é, dos personagens de histórias em quadrinho, o mais complexo, porém, o mais realista de todos. Segundo ele disse na inesquecível HQ “A PIADA MORTAL” (que para quem quer saber, conta a verdadeira origem do Coringa): basta um único dia ruim para que uma pessoa sã fique totalmente louca; uma só tragédia pessoal para que se prefira o conforto da loucura à dureza da sanidade e realidade. “Afinal, você sabe disso... que a loucura é como a gravidade! Basta dar um pequeno empurraõzinho para que a queda ocorre naturalmente”.


Todos estão loucos, mas não desta maneira. Se querem que eu fique louco também, dificilmente ficarei louco como eles.

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