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26 de junho de 2008

1 MINUTO PARA O FIM DO MUNDO

Hoje li uma matéria no UOL sobre a greve dos professores da rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Fiquei muito irritado. Não devia, mas fiquei.

Minha esposa pediu a conta no Estado a praticamente um mês. O stress a estava deixando louca, como já falei aqui antes. Por causa do descaso e descuido do governo e da sociedade.


Agora, os professores entraram em greve. Antes eu achava que estas greves eram meros oba-oba, até que eu me casei com uma professora e passei a ver a situação do lado de dentro. A pressão é tanta em cima dos professores que nem greve eles podem mais fazer. Não podem faltar para ir me médicos sob pena de não receberem pelos dias parados. Não podem se remover para escolas mais próximas de sua residência (minha esposa mesmo dava aulas em uma escola lá onde Judas perdeu as meias).


Salário baixo. Diretrizes surreais de uma chefia que parece brincar coma vida de milhões de futuros adultos. Sucateamento sistematizado do sistema de ensino. E, é claro, opressão. Não a opressão com que estávamos acostumados a ver no passado, com tropa de choque da polícia metendo cavalos em cima dos grevistas. Sinceramente, acho que a opressão hoje é infinitamente menos violenta, mas é muito mais terrorista. Tão ruim ou até pior que antes.


Vão descontar os dias da greve. Vão tirar o bônus dos professores que aderirem a ela. Diminuem o salário já baixo. É terrorismo sim. É como se você tivesse direito a beber um copo de água por dia, e cansado de ficar com sede (porque um copo de água é pouco, convenhamos) você organiza uma manifestação contra o orgão controlador da água, exigindo que passem a dar 3 copos de água para vocês.


O orgão controlador então lhe oferece só meio copo e mais, mesmo você sabendo que ele teria condições de oferecer 6 copos por dia, não fosse o desperdício que os membros deste mesmo orgão fazem da água, trocando a água de suas piscinas diariamente, lavando seus carros e varrendo a calçada com a mangueira. Você não aceita a proposta, e então eles simplesmente dizem que, quem continuar nesta manifestação, vai receber só meio copo de água por dia, ficando mais sedento ainda.


Volto a repetir que eu não sei aonde o ensino vai acabar. Eu estou com medo a respeito desta situação. Não da greve em si, mas sim do ensino como um todo. Está caótico há muito tempo, mas nos últimos anos as coisas pioraram absurdamente (sei devido a minha esposa). Só sei que, se tiver que escolher um dos lados, obviamente escolho o lado dos professores. Eles é que vem sendo sacaneados, e o governo tem tentado parecer que eles é quem são os culpados. Guerra de informações, e a mídia, adorando ver isso tudo, vai dando meios de perpetuar esta guerra.


Professores que fazem o que minha esposa fez não são raros (desistirem de dar aulas no Estado). E na maior parte das vezes, estes são bons professores. O Estado está perdendo muita mão de obra de qualidade. Alegam que querem melhorar a qualidade do ensino mantendo os mesmos professores o ano todo, mas eles só fazem coisas que denigrem estes mesmos professores, os deixando acuados, cercados por todos os lados, completamente sem saída. Quando eles espanam devido a isso, são tachados de incompetentes, folgados e sacanas.


Os professores que normalmente agüentam esta situação desgraçada do ensino público são aqueles que simplesmente deixam pra lá. Vão pra escola, dão sua aula se der, e se não der, devido ao estado das coisas nas escolas, eles não esquentam a cabeça. “Tudo pelo primeiro dia útil” dizem eles, e infelizmente com razão. Mas professores passionais como minha esposa, que ficam machucados em ver o caminho pelo qual a escola tem sido empurrada por sucessivos governos, ou piram ou então saem. Minha esposa estava pirando, e saiu.

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