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13 de março de 2008

ADOLESCENTES E PORQUE EU QUERO UMA MOTOQUINHA


Eu tenho tido que pegar o ônibus para vir trabalhar de manhã bem cedo. O mesmo ônibus que atende a região da escola técnica estadual aonde estudei, o Bento Quirino, calorosamente apelidado de Bentão por todos os alunos que ali passaram desde épocas imemoriáveis.


A questão é que o ônibus fica sempre recheado de alunos desta escola no horário em questão (ocasionalmente fica cheio e alunos do colégio objetivo também, que fica perto do Bentão). Bem... acho que eu finalmente entendi porque eu era tão revoltado na minha adolescência. Eu nunca suportei adolescentes... nem mesmo quando eu era um deles. Daí eu ser tão calado e isolado naquela idade, achava que meus colegas eram, de certa forma, muito irritantes. Não que eu me julgasse superior (pelo contrário, sempre me achava pior do que qualquer um a minha volta), mas havia algo no dito comportamento adolescente que eu não conseguia suportar bem, e que eu não apresentava.


Se você pensa que eu fui avançado para a minha época, pode tirar o cavalinho da chuva. Em muitos aspectos eu fui um adolescente mais normal do que eu gostaria se ter sido. Era tímido, inseguro, depressivo e muito burro para muitas coisas ao mesmo tempo em que era esperto demais para outras. Flertei com drogas (e graças a Deus não passou disso), levei um fora que me deixou pior do que eu já era, e conheci minha esposa, sem saber que um dia acabaria me casando com ela (o fora não foi dela).


Voltando ao ônibus, aonde esta divagação começou, vejo os adolescentes como uma gente muito irritante. As meninas... nossa, são tão ou mais lindas do que as da minha época! Da mesma forma, continuam arrogantes por saberem que são o centro das atenções de tantos garotos com os hormônios descontrolados. Já os garotos continuam com seu mesmo esquema furado de impressionar pelo nível de babaquice, achando que é “cool” ser um “asshole”.


A impressão é a de que o evento de estarem juntos sempre descamba para uma competição, aonde o mais babaca ganha. Falam alto, gritam, amontoam-se no fundo do veículo, fazem brincadeiras físicas, tentam humilhar uns aos outros ora com alfinetadas ora com verdadeiros socos nos rins e ficam chamando a atenção com piadinhas tão, mas tão bestas e idiotas, que eu me seguro para não mandá-los calar a boca. Eu nunca fui disso, tinha verdadeira aversão a aquele tipo de comportamento, e pelo jeito continuo tendo.


Sei que faz parte do desenvolvimento da personalidade do ser humano esta fase tão gostosa e ao mesmo tempo dão medíocre da vida. Eu rezava para que minha adolescência acabasse logo, mas ela durou o tempo que teve que durar segundo as regras da natureza. Por outro lado, nunca me considerei um adolescente típico. Não era nem pior nem melhor, era apenas diferente. Da classe dos cabeludos metaleiros calados. Eles eram óleo, e eu era água. Não me misturava. Ainda bem que eu cresci.


Andar de ônibus tem sido muito chato por conta disso e por conta da distância em que o ponto se encontra da minha casa (além do fato que a TRANSURC é uma porcaria e zoneou totalmente meu cartão de passes, então eu estou tendo que pagar do meu bolso, em “cash”). Tanto que estou mais determinado do que nunca a tirar a carteira de moto e comprar uma Suzuki Burgman 125cc, que é o que cabe no meu orçamento e que ia me tirar dessa fria. É melhor isso do que ir ficando louco pouco a pouco com aquela lata de sardinhas cheia de pivetes barulhentos.

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