LUTE

Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas - 1 Timóteo 6:12

SE DEIXE TRANSFORMAR

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus - Romanos 12:2

ACEITE O SACRIFÍCIO

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna - João 3:16

VÁ NA CONTRA-MÃO

Converta-se cada um do seu caminho mau e de suas más obras, e vocês permanecerão na terra que o Senhor deu a vocês e aos seus antepassados para sempre. Não sigam outros deuses para prestar-lhes culto e adorá-los; não provoquem a minha ira com ídolos feitos por vocês. E eu não trarei desgraça sobre vocês - Jeremias 25:5-6

REFLITA A LUZ DE JESUS

Pois Deus que disse: "Das trevas resplandeça a luz", ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo - 2 Coríntios 4:6

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31 de março de 2008

DESORIENTADO

Eu odeio assumir isso em público, mas o fato é que até mesmo eu, um ogro-sexual de qualidade, tem seus momentos como “EMO”.


Algumas vezes me vejo em dias tristes e desconexos como este que tem sido hoje. Eu não sei o que há comigo, mas parece que eu esqueci um pedaço de mim mesmo em algum lugar por ai. É como se eu não estivesse inteiro, e isso me faz ficar desorientado.


Eu não acordei bem hoje. E agora estou tendo o que eu costumo chamar de vácuo produtivo. São momentos aonde eu não tenho vontade de fazer absolutamente nada. E pior: são momentos aonde eu não consigo fazer nada por mais que eu queira e por mais que eu procure. Sinto esta desorientação agir em mim como uma bola de ferro, que presa em mim, me limita totalmente a mera mediocridade de minhas lamúrias.


Eu queria muito saber o que é isso, porque se eu não entendo a situação, entendo que ela me machuca muito. Sei disso, porque sinto a dor de minha angústia miar como um gato molhado e faminto perambulando pela noite de um mundo frio e sem vida. Os mecanismos que me levam a este estado são muito complexos, como equações aonde a quantidade de variáveis é imensurável, e a mudança de apenas algumas poucas delas levam a uma mudança tão grande que é impossível entender qual variável foi, de fato, alterada.


Tenho medo, porque tenho sentido muita vontade de escrever ultimamente, e se você me conhece, sabe que eu só consigo escrever quando normalmente estou me sentindo muito mal e deprimido. Comecei a escrever por causa disso, aos 12 anos, e nos últimos tempos eu não estava dando a mínima para esta coisa, porque em termos gerais, me sentia bem.


Mas não agora, e não hoje. Porque eu me sinto desorientado e solitário, e o pior é que neste exato momento é exatamente isso o que eu quero: ficar só. O paradoxo que vejo em mim é o horror dos que me amam, porque eu sei que existe várias pessoas que me amam, assim como eu as amo. Mas me sinto desorientado assim mesmo. Cansado, esgotado, triste, abatido, inerte, desiludido, pequeno, mesquinho, egoísta, ordinário e fraco.


Todas as vezes que isso ocorre, eu escrevo em meu blog, e sempre chego à mesma conclusão de que é nestes momentos que eu mais preciso da misericórdia de Deus. Nada neste mundo, nem amor, nem amizade, nem trabalho, nem dinheiro, nem ciência e nem ideologias tem capacidade para ser a luz que me orientará na escuridão em que me vejo agora. Só Jesus, só Deus.

O MAL HUMOR COMO MAL CRÔNICO

Semana passada eu havia lido um texto que explicava bem o que é ansiedade (eu sofro dela) que era o seguinte: "Vamos imaginar, hipoteticamente, uma pessoa que se deparasse com uma cobra no meio de sua sala, quase todas as vezes que entrasse em casa. Com o tempo sua reação ao ver a (mesma) cobra tende a diminuir, embora ainda continue tomando muito cuidado. Vai chegar um momento em que, mesmo não vendo a cobra, nessa vez que chegou em casa, ficará estressado. Talvez tenha grande ansiedade ao imaginar onde poderia estar hoje a tal cobra. Diz um ditado que a diferença entre medo e ansiedade é exatamente essa; medo é encontrar uma cobra dentro do quarto, e ansiedade é saber que tem uma cobra dentro do quarto."


Este texto me deu a impressão de que outras pessoas sabem como eu me sinto. Mesmo que eu tente não deixar transparecer para muitas pessoas há minha volta, a ansiedade me afeta e me domina demais, e ficar tentando descobrir todas as curvas perigosas da vida é uma tarefa que acaba por colocar a pessoa exausta. É assim que tenho me sentido. E é assim que o mundo e minha profissão exigiram que eu fosse, tentando prever a maior quantidade possível de possibilidades dentro de uma situação. Morrerei de estresse? Fico me perguntando quando será, e como... meus monócitos estão acima do limite e isso pode ser uma série de coisas (até Leucemia), mas muitíssimo provavelmente é puro estresse. O que virá a seguir? Se puder escolher, quero um infarto fulminante, daqueles que nem da tempo de pensar. Mas minha pressão, colesterol e triglicérides estão ok...


Se eu não fosse tão ansioso, acho que eu conseguiria lidar melhor com os infortúnios. Afinal quando ocorre algo que eu não previ, é como se o mundo inteiro visse revelada a minha incompetência, e então eu fico mais estressado. Um exemplo foi agora há pouco, quando fui tentar comprar um novo telefone celular após a operadora me enviar um bônus de R$80,00. Fiquei esperando na loja por mais de 10 minutos, até a atendente me informar que não poderia me vender o aparelho porque o sistema da operadora estava fora do ar. Qual é a operadora? Ora, é C L A R O que você sabe qual é... não, eu não tinha como prever que eu iria lá perder meu tempo. Pura ingenuidade.


Fiquei muito irritado sim. E para ser sincero, eu já não estava lá estas coisas desde ontem. Hoje acordei “no veneno”, e ainda bem que não temos cachorro em casa, porque se não eu o teria chutado. Tudo por uma mistura de pequenas e insignificantes frustrações com as quais qualquer idiota conseguiria lidar. Mas não eu. Comigo o mal-humor parece ser um mal crônico, que algumas vezes melhora e muitas vezes piora. E sobra para a Cris então me aturar nesta mutação para porco-espinho.


Tive pesadelos esta noite e não sei porque. Sonhei com coisas ruins para mim, que me causam medo e pavor. Somando o fato de que eu nunca durmo bem de domingo para segunda-feira, acho que tive combustível o bastante para me inflamar hoje por todo o dia. Não que fosse certo, mas creio que faz parte da minha natureza. Para a minha infelicidade.

28 de março de 2008

NOVO TEMPLATE MULTI-LINGUAGEM

Depois de alguns dias lutando com o xml, consegui fazer o template que eu queria... quer dizer, consegui fazer algo mais ou menos como eu queria. Dizer que isso foi complicado é bobagem! Eu apanhei muito para implementar estas coisas todas, e olha que ficou um template bastante humilde...

O esquema de templates do Blogger.com eram relativamente simples, mas agora ficou bem mais complexo. Não dá mais aquela liberdade que se vê, por exemplo, ainda no "Blogger Brasil", que por sua vez tem aquele esquema de cotas totalmente sufocante.

Como eu já tinha percebido algumas visitas internacionais por meio do Google Analytics, resolvi montar uma função de tradução on-line do blog para inglês. Utilizei o serviço Google Translate por meio de um JavaScript e muita paciência, e ainda assim tem um bug, que é manter o visitante no aplicativo de tradução enquanto um novo endereço não for digitado diretamente no campo de url (ou seja, clicando nos links, os sites abertos serão traduzidos para inglês também).

Fica a sugestão ao Google para transformar isso em um widget do Blogger, creio que muita gente usaria isso se tivesse a disposição de maneira simples.

Outro problema é que a tradução as vezes é literal, e peca em algumas adaptações gramaticais. É claro que o algoritmo de tradução do Google ganha disparado do "Babel Fish" do Altavista, por exemplo. Mas ainda assim é preciso levar em conta que o sentido de certos termos, a conotação de algumas palavras e significado de muitas gírias, para serem traduzidos corretamente, dependem de uma sensibilidade e capacidade de abstração que os softwares (e muitas pessoas) não tem.

Como eu não costumo escrever em "miguchês", esta praga de abreviações e abominações contra a língua portuguesa, o software de tradução não terá muito aonde se equivocar, pelo menos assim espero.

25 de março de 2008

TEMPLATE

Tenho passado por alguns problemas com meu template. Queria mudar algumas coisas aqui, mas anda difícil. Vejo alguns modelos que me interessam e tento modificá-los, mas o novo esquema de templates do blogger em xml é bem diferente do antigo em html.

Neste meio tempo vai ficando assim mesmo.

20 de março de 2008

PÁSCOA E AS NOSSAS CRUZES

Dentro das possibilidades eu escrevo o que posso quando posso. Não é muito, vá lá. E nem são tantas as pessoas que tem saco de ler o que escrevo. Daí a taxa de rejeição deste blog ser de mais de 85%, sendo que por taxa de rejeição entende-se pessoas que entram no site e saem dele em menos de 5 segundos por não ter interesse em seu conteúdo.


Já consegui convencer uma pessoa a não comprar um apartamento da MRV por meio do meu testemunho quanto a isso. Mas não sei se fui instrumento do Espírito Santo para converter alguém à Cristo por meio de meu testemunho. E que testemunho é esse...


Não tenho sido digno do título de crente no Senhor Jesus. Não tenho feito o que tenho certeza que Ele gostaria que eu fizesse. Não tenho buscado me distanciar de meus erros. Pelo contrário: insisto nos mesmos repetidamente. Mas ainda preservo minha fé e meu amor por Cristo. Porque sei que Ele veio justamente por causa de pessoas como eu, e de pessoas como você: falhas, tal qual a natureza humana nos faz ser, programada em nossos genes e em nossa herança cultural.


A páscoa é o período em que nos lembramos da Paixão de Cristo. De sua dor, de sua humilhação, de sua morte. De todas as coisas que deviam acontecer conosco por causa do quão falhos e miseráveis somos, mas que Ele aceitou receber sobre si mesmo por causa de seu amor, de sua preocupação e desejo de bençãos para cada um de nós.


No final do terceiro dia Ele venceu a morte e ressurgiu, demonstrando a cada um de nós que a vida eterna é real, e que disso depende uma decisão muito simples mas difícil para a razão humana: acreditar nEle, aceitar este fato que a razão humana incompreende, e o mais difícil: se arrepender de coração dos pecados que comete.


Conversão, segundo muitos crentes, é o ato de mudar de direção, ou seja, sair do sentido do pecado e ir para o sentido da santificação. Eu não consigo considerá-lo um ato, mas sim um processo. Um processo que em alguns momentos pode sofrer revezes e até mesmo retrocessos, mas que é definitivo.


Paulo dizia que tinha um espinho na carne. Já disse e digo de novo que eu também o tenho. É como um comichão que percorre minha espinha, como dois carros colidindo. É a dor de fazer o certo quando se quer ser errado, e de se fazer o errado quando de quer fazer o certo. É o antagonismo de nossas duas naturezas, é a dor de nossa cruz, é a luta contra o ego, e a mortificação de nossos instintos.


É a luta que temos até o dia de nossa própria morte e, pela misericórdia de deus, ressurreição: carregarmos o peso daquilo que nos matará, de nossos pecados, de nossos erros, de nossas culpas e de nossas fraquezas de caráter.

19 de março de 2008

Adeus a um excelente escritor


Morre o escritor britânico Arthur C. Clarke
da BBC Brasil



O escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke, autor do conto que deu origem ao filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, morreu nesta terça-feira, aos 90 anos.

Segundo um assessor, Sir Arthur C. Clarke morreu devido a problemas cardiorrespiratórios. Ele estava em sua casa, no Sri Lanka, onde vivia desde 1956.

Durante sua carreira, Clarke publicou mais de cem livros, que venderam milhões de cópias.

Em 1968, seu conto A Sentinela foi transformado no filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, dirigido por Stanley Kubrick.

As descrições vívidas e detalhadas de naves espaciais e supercomputadores nos livros de Clarke conquistaram milhões de leitores ao redor do mundo.

Na década de 40, Clarke afirmou que o homem chegaria à lua até o ano 2000, uma idéia considerada absurda na época.

Muitos creditam ao escritor o mérito de dar uma face mais humana e prática à ficção científica.

Nascido em Somerset, Clarke era filho de um fazendeiro. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Royal Air Force (a Força Aérea Real britânica) em um então projeto ultra-secreto de desenvolvimento de radares.

"Ele estava à frente de seu tempo de tantas maneiras", disse o astrônomo britânico Sir Patrick Moore, amigo de Clarke desde a adolescência. "Um grande escritor de ficção científica, um ótimo cientista, um grande profeta e um amigo muito querido. Estou muito, muito triste com a sua partida."

Depois do fracasso de seu casamento, em 1956, Clarke foi morar no Sri Lanka (então chamado Ceilão), onde desenvolveu interesse por mergulho.

Em 1998, ele enfrentou acusações de abuso de crianças, das quais foi inocentado posteriormente.

Nos últimos anos, Clarke vivia confinado a uma cadeira de rodas em decorrência da síndrome pós-pólio.


Todos tem seu tempo neste planeta, e com ele não seria diferente. 90 anos é bastante, mas minha avó, que vai fazer a mesma idade no final do ano, está super bem. Ele fez e continuará a fazer diferença, seus livros eram ótimos e nos levavam a um universo de fantasia verossímil que nos cativava. Sua obra era muito maior que a história de "2001". Era um mestre nesta forma de literatura.

Arrisco em dizer que Arthur C. Clarke figura na trindade dourada da ficção científica ao lado de Júlio Verne e Isaac Asimov. Que sua alma possa agora vislumbrar os limites da realidade que ele tanto imaginou (e muitas vezes acertou).

"Rest in Peace, Arthur" é o que HAL diria agora...

14 de março de 2008

Cosmólogo recebe prêmio defendendo existência de Deus

Um padre e cosmólogo polonês que sustenta a possibilidade de comprovar matematicamente a existência de Deus é o vencedor do mais polpudo prêmio acadêmico do mundo.

da BBC Brasil

O professor Michael Heller, 72, de formação religiosa, com estudos em filosofia e doutorado em cosmologia, receberá em maio, em Londres, o prêmio Templeton, outorgado pela fundação homônima de estudos religiosos sediada em Nova York. O valor da premiação é de 820 mil libras esterlinas (cerca de R$ 2,87 milhões).

Os trabalhos mais recentes de Heller abordam a questão da origem do universo debruçando-se sobre aspectos avançados da teoria geral da relatividade, de mecânica quântica e de geografia não-comutativa.

"Vários processos no universo podem ser caracterizados como uma sucessão de estados, de maneira que o estado anterior é a causa do estado que o sucede", explicou o próprio Heller em um comunicado divulgado por ocasião do anúncio do prêmio.

"Ao questionar (a causalidade primeira) não estamos apenas falando de uma causa como qualquer outra. Estamos nos perguntando sobre a raiz de todas as possíveis causas", disse.

Ele rejeitou a idéia de que religião e ciência são contraditórias. "A ciência nos dá o Conhecimento, e a religião nos dá o Sentido. Ambos são pré-requisitos para uma existência decente".

"Invariavelmente eu me pergunto como pessoas educadas podem ser tão cegas para não ver que a ciência não faz nada além de explorar a criação de Deus."

Críticas

Alguns céticos atacam a Fundação Templeton por sua inclinação a favor de ideologias conservadoras da religião.

Um dos principais críticos à instituição é o biólogo evolucionista Richard Dawkings, que já descreveu o prêmio Templeton como "uma soma de dinheiro muito grande que se concede normalmente a um cientista disposto a falar coisas boas da religião".

Para os jurados, Heller mereceu o prêmio por desenvolver "conceitos precisos e notavelmente originais sobre a origem e as causas do universo, muitas vezes sob intensa repressão governamental".

A biografia do filósofo e cosmólogo polonês diz que ele foi perseguido sob a era soviética, cuja ideologia comunista abertamente atéia ia contra o perfil católico conservador dominante no país.

Heller conhecia o Papa João Paulo 2º, nascido polonês sob o nome de Karol Wojtyla, que personificou a reação da Igreja Católica contra o avanço do comunismo nos países do Leste Europeu.

"Apesar da opressão das autoridades comunistas polonesas a intelectuais e padres, a Igreja, impulsionada pelo Concílio Vaticano 2º, garantiu a Heller uma esfera de proteção que o permitiu alcançar grandes avanços em seus estudos", diz sua biografia.

Heller disse que usará o dinheiro do prêmio Templeton para financiar futuras pesquisas.



Bem, pela reação do Sr. Richard Dawkings, que é o tipo de reação que a comunidade científica costuma ter com relação a casos como este, não tenho mais nenhuma dúvida de que os papéis foram totalmente invertidos. Se antes a religião (cristão pelo menos) renegava a ciência, hoje é a ciência que renega a religião (cristã principalmente), mesmo que esta tenha se redimido quanto a sua ignorância no passado. E mesmo que esta se esforce para manter um diálogo na linguagem científica de fato.

O problema que eu vejo é que o ato de renegar a Deus por parte do meio científico me parece fruto não mais da lógica e da razão: já há tempos me parece ser apenas fruto do mais puro rancor. Rancor com o fato de que a religião desdenhava da ciência no passado, alegando que apenas ela era detentora da verdade suprema e absoluta. Coisa que todos nós já sabemos que nunca foi e nunca será de fato uma verdade. Porque por mais certeza que eu tenha da existência de Deus por exemplo, sei que nunca poderei conhecê-lo totalmente, somente partes dEle, e fazer suposições sobre as lacunas é uma grande besteira e arrogância.

A comunidade científica deveria se preocupar mais em descobrir e decifrar como as coisas funcionam e podem ser usadas (para o bem de preferência), e não tentar encontrar o sentido, a origem e o objetivo para elas, que está meio fora do campo de ação da ciência, sendo ao meu ver algo sob responsabilidade das áreas de antropológica, ética e filosofia, que são ciências, mas ciências focadas no tênue e incerto reino dos pensamentos, da mente e da alma.

Se ela (a ciência) pudesse se ater por exemplo ao funcionamento e compreensão do genoma humano, sem ficar declarando e supondo que ele é produto de milhões de anos de evolução... se ele é produto de evolução ou se ele foi criado divinamente por Deus, o que vai mudar a forma de construção e funcionamento dele? Nada!

Saber que o genoma humano tem relação com o genoma de todas as formas de vida do planeta é útil para estudar modelos mais simples e poder chegar a uma maior compreensão do que realmente interessa ( no exemplo, entender o genoma humano para melhorar a qualidade de vida da raça humana).

Mas ficar querendo fazer isso até uma suposta e improvável sopa orgânica que originou formas de vida unicelulares primitivas de maneira totalmente aleatórias... isso é se perder em falácias, porque não existe cientista no mundo capaz de provar estas argumentações de maneira coerente e definitiva (caso assim fosse, não haveria nenhuma discussão a respeito, certo?). Isso é ser rancoroso e tentar destruir algo que no passado foi seu inimigo, mas que hoje quer se tornar um aliado.

A ciência, neste aspecto, precisa rever seus conceitos. A tolerância e a complementação podem ser um caminho muito bonito a ser seguido no futuro. Pelo menos, creio que assim deveria ter sido desde o início. Se alguém errou primeiro, foi a igreja, a religião. De fato. Mas hoje ela reviu seus conceitos (em uma boa parte) e isso não pode ser justificativa para que a comunidade científica se comporte com o mesmo erro. Seria vingança... e a vingança, sendo um ato totalmente passional, desmoralizaria a frieza e a metódica lógica e razão das quais a ciência pelo menos se diz cativa.

13 de março de 2008

ADOLESCENTES E PORQUE EU QUERO UMA MOTOQUINHA


Eu tenho tido que pegar o ônibus para vir trabalhar de manhã bem cedo. O mesmo ônibus que atende a região da escola técnica estadual aonde estudei, o Bento Quirino, calorosamente apelidado de Bentão por todos os alunos que ali passaram desde épocas imemoriáveis.


A questão é que o ônibus fica sempre recheado de alunos desta escola no horário em questão (ocasionalmente fica cheio e alunos do colégio objetivo também, que fica perto do Bentão). Bem... acho que eu finalmente entendi porque eu era tão revoltado na minha adolescência. Eu nunca suportei adolescentes... nem mesmo quando eu era um deles. Daí eu ser tão calado e isolado naquela idade, achava que meus colegas eram, de certa forma, muito irritantes. Não que eu me julgasse superior (pelo contrário, sempre me achava pior do que qualquer um a minha volta), mas havia algo no dito comportamento adolescente que eu não conseguia suportar bem, e que eu não apresentava.


Se você pensa que eu fui avançado para a minha época, pode tirar o cavalinho da chuva. Em muitos aspectos eu fui um adolescente mais normal do que eu gostaria se ter sido. Era tímido, inseguro, depressivo e muito burro para muitas coisas ao mesmo tempo em que era esperto demais para outras. Flertei com drogas (e graças a Deus não passou disso), levei um fora que me deixou pior do que eu já era, e conheci minha esposa, sem saber que um dia acabaria me casando com ela (o fora não foi dela).


Voltando ao ônibus, aonde esta divagação começou, vejo os adolescentes como uma gente muito irritante. As meninas... nossa, são tão ou mais lindas do que as da minha época! Da mesma forma, continuam arrogantes por saberem que são o centro das atenções de tantos garotos com os hormônios descontrolados. Já os garotos continuam com seu mesmo esquema furado de impressionar pelo nível de babaquice, achando que é “cool” ser um “asshole”.


A impressão é a de que o evento de estarem juntos sempre descamba para uma competição, aonde o mais babaca ganha. Falam alto, gritam, amontoam-se no fundo do veículo, fazem brincadeiras físicas, tentam humilhar uns aos outros ora com alfinetadas ora com verdadeiros socos nos rins e ficam chamando a atenção com piadinhas tão, mas tão bestas e idiotas, que eu me seguro para não mandá-los calar a boca. Eu nunca fui disso, tinha verdadeira aversão a aquele tipo de comportamento, e pelo jeito continuo tendo.


Sei que faz parte do desenvolvimento da personalidade do ser humano esta fase tão gostosa e ao mesmo tempo dão medíocre da vida. Eu rezava para que minha adolescência acabasse logo, mas ela durou o tempo que teve que durar segundo as regras da natureza. Por outro lado, nunca me considerei um adolescente típico. Não era nem pior nem melhor, era apenas diferente. Da classe dos cabeludos metaleiros calados. Eles eram óleo, e eu era água. Não me misturava. Ainda bem que eu cresci.


Andar de ônibus tem sido muito chato por conta disso e por conta da distância em que o ponto se encontra da minha casa (além do fato que a TRANSURC é uma porcaria e zoneou totalmente meu cartão de passes, então eu estou tendo que pagar do meu bolso, em “cash”). Tanto que estou mais determinado do que nunca a tirar a carteira de moto e comprar uma Suzuki Burgman 125cc, que é o que cabe no meu orçamento e que ia me tirar dessa fria. É melhor isso do que ir ficando louco pouco a pouco com aquela lata de sardinhas cheia de pivetes barulhentos.

12 de março de 2008

ME VIRANDO NA COZINHA

Tenho descoberto que gosto de cozinhar. Sempre me virei na cozinha, mas nos últimos tempos tenho feito comida de verdade. Antes havia sido tacos, e agora é macarrão. O macarrão em si é fácil de fazer, o que é mais complicado é o molho. E até que eu tenho feito molhos gostosos (pelo menos minha esposa tem me pedido para fazer comida uma vez por semana).


Vá lá: eu adoro a combinação de cebola, alho, azeite extra virgem e sal. Acho impossível que alguma coisa preparada com esta mistura fique ruim, a menos que deixe queimar. De qualquer forma tenho feito este molho e tem ficado bom. “Al sulco” é melhor, mas com carne moída também fica bom (só precisa dosar os ingredientes para mais se adicionar carne).


Eu detesto seguir receita. Gosto de inventar e improvisar (na cozinha). Quando tentei fazer bolo de fubá da minha cabeça ficou uma desgraça, mas comida salgada eu tenho feito direitinho usando meu “olhometro”. Vou adicionando as coisas que eu imagino que combinem na quantidade que imagino ser a ideal. Tem dado certo.


Bom, o que eu fiz ontem: primeiro eu piquei uma cebola média inteira, e descobri que se eu a descascar e a deixa uma hora no freezer, ao cortá-la ela quase não arde nos olhos.


Depois, esmaguei uns 6 dentes de alho e piquei mais uns 4. Coloquei isso na panela com umas 5 ou 6 colheres de sopa de azeite extra-virgem e sal a gosto. Misturei a isso umas 8 folhas de orégano fresco (plantado em hortinha e colhido na hora), uns 5 ramos de tomilho fresco e mais uns 6 de manjericão fresco. Coloquei mais um ou dois ramos de cebolinha picada e terminei adicionando umas 8 azeitonas verdes picadas (sem caroço).


Enquanto o macarrão cozinhava eu ascendi o fogo e comecei a dourar esta mistura, e quando estava no ponto (mais um “olhometro”) eu adicionei meio quilo de carne moída (patinho). Misturei bem, e obviamente a carne soltou uma boa quantidade de água. Deixei aquilo dar uma boa secada, e quando a carne estava toda assada e mais sequinha, despejei 2 latas de molho de tomate.


Senti que ia precisar de mais sal e coloquei umas 2 pitadas a mais. Misturei tudo muito bem e deixei em fogo médio (destampado) para dar uma secada também. Escorri o macarrão (penne) e depois de uns 3 minutos apaguei o fogo. Servi, e minha esposa suspirou novamente. Era a prova que eu precisava.


O engraçado é que churrasco (que historicamente é a única comida que os homens se prestam a fazer) eu não sei fazer... ainda!

11 de março de 2008

Zeitgeist - O documentário que eles QUEREM que você veja

Psicologia reversa é uma técnica muito poderosa para sugestionar pessoas. Este final de semana meus irmãos (de sangue) me falaram para assistir a um documentário que, segundo eles, era muito bom. Com o título de “Zeitgeist - O documentário que eles não gostariam que você visse”, a obra utiliza-se da psicologia reversa para se promover. É como aquele livro que estão vendendo agora, “Curas Naturais que 'eles' não querem que você saiba”, de Kervin Trudeau.


Funciona mais ou menos como aquelas plaquinhas em gramados de jardins aonde se lê “não pise na grama”. Ao ler a mensagem, você tem vontade de fazer exatamente o contrário. Então, quando se vê um produto ou uma idéia que tem como publicidade o fato de que certas pessoas não querem que você consuma ou conheça, sua mente transforma aquilo e passa a desejar o “proibido”. E como toda teoria de conspiração funciona basicamente sobre este conceito (os que sabem a verdade não querem que você a saiba, não importa se a verdade sejam os Iluminatti, alienígenas, OVNI´s ou os segredos da maçonaria), toda e qualquer teoria de conspiração é um magneto natural à curiosidade humana.


Sendo o mais direto possível sobre isso, o “documentário” em questão foi, para mim, frustante. Tanto pelas legendas com problemas de sincronização (quando se davam ao luxo de aparecer) quanto pelas pseudo-revelações que diz revelar. O fato do “documentário” ridicularizar e tentar desmontar o cristianismo não me é surpresa, mesmo com a tentativa de desintegração de Jesus Cristo a que ele se propõe. Já faz tempo que eu falo que existe um plano sistemático para acabar com o cristianismo no mundo desde que este surgiu, e já falei de quem é este plano (no meu post sobre ovnis).


A forma rasa com que o cristianismo é tratado no “documentário” demonstra claramente que se trata de uma desconstrução, e não de uma crítica para gerar reflexão. Ou seja, não é documentário, mas sim um mero filme de propaganda. Propaganda do que você vai entender mais adiante.


Nele, fala-se da maldade e demagogia das “religiões”, mas ataca-se de forma concentrada o judaico-cristianismo apenas. Tudo bem que o “documentário” é feito nos EUA e lá, assim como aqui, o cristianismo é o que impera. Mas será que eles teriam coragem de falar da mesma forma sobre o Islamismo? Cristãos radicais não iriam condená-los a morte, nem armar bombas em suas casas ou carros, nem seqüestrá-los para cortá-los em pedaços e então queimar o que restou. Mas muçulmanos radicais o fariam, o que me leva a crer que, além de verdade e vergonha na cara, falta às pessoas que criaram este “documentário” outra coisa: coragem! É mais fácil bater no cordeiro de Deus, que dá a outra face, do que bater na cara do Osama, que ia lhe jogar uma jihad, né?


O “documentário” “demonstra” com dados “reais” que Jesus, a Bíblia e o cristianismo são meios de controle da população criados a séculos por um grupo pequeno de pessoas que só querem controlar o mundo (fala o mesmo de todas as religiões, mas como disse, concentra-se no cristianismo e um pouco no judaísmo). E que estas pessoas, ao que parece, são os atuais líderes dos EUA, ou pelo menos são as pessoas que os controlam. Complementa com a informação de que estes líderes já abandonaram a religião como dispositivo de controle das massas porque ela se segmentou demais em diversas denominações, e agora o esquema é controlar as pessoas pela violência e pela guerra. Disso derivaria o fato da conspiração que afirma que os atentados de 11 de setembro foram armados pelos próprios EUA.

Dentre outras coisas, citam o fato de que Jesus é apenas a mescla de diversos outros “messias” de outras religiões e povos, desde o antigo Egito até a Acádia e a Índia. Que o cristianismo é baseado em conceitos astrológicos, que a cruz nada mais é do que a cruz do zodíaco, que todos os “deuses” nasceram de virgens e tiveram estrelas como ícone indicativo, o que demonstra que todos são meras releituras de lendas irreais baseadas em ciclos astronômicos, e por ai vai, descendo uma espiral de falácias; discursos vazios que se referenciam a dados inconsistentes super valorizados para sustentar um ponto de vista a ser assumido como verdade científica e historicamente comprovadas.


A idéia é tão absurda que até faz sentido em um primeiro momento. Mas ai eu me pergunto: como eles podem crer nisso tão cegamente e nos criticar (os cristãos ou os religiosos)? Eles não sabem olhar para si mesmos de maneira auto-crítica, quanto mais para o mundo.


Os “fatos” e “provas” a que se referem para desconstruir o cristianismo e apoiar sua argumentação são tão ou mais suspeitos que o próprio cristianismo em si. Os “documentos” a que se referem são transcrições de lendas que foram passadas de pai para filho oralmente durante séculos, e que por sua vez possuem dezenas de versões diferentes, assim como a própria história de Jesus (afinal, muita coisa é mudada quando a mensagem é propagada de maneira oral, este é o motivo da criação da língua escrita).


Os dados que apresentam sobre Osíris por exemplo, como minha esposa notou (ela conhece bem a mitologia egípcia pois sempre foi apaixonada pela cultura do Egito antigo) são muito diferente do que ela leu em livros sobre o assunto. Muitos erros e inconsistências. Seria descuido ou um ato planejado? Afinal, muita gente aceita um fato que lhes é apresentado sem conferir os fatos e dados. Ainda mais em um documentário tão bem produzido...


Datas, “coincidências” e pontos de convergência apontados no “documentário” são totalmente supostos e improváveis (por exemplo, falam do nascimento de Osíris ser comemorado em 25 de dezembro, sendo que o calendário greco-romano não era usado no Egito), tendo em vista que muitos fatos que apresentaram como dogmas cristãos já não o são desde a idade média, muito menos pelas igrejas protestantes.


Julgar o povo cristão ignorante, cego e manipulável (inclusive fazendo questão de mostrar o áudio de pessoas rindo das “crenças” cristãs em palestras) é tão tolo quanto afirmar que Jesus era uma mera representação da era de peixes, que sucede a era de aquário. Se você olhar por bastante tempo, pode encontrar pelo em ovo, e se você tem algo como verdade (que lhe dê alguma vantagem qualquer em certa situação), sua mente será capaz de encontrar “fatos” e “provas” para que isso o apóie em praticamente qualquer coisa (inclusive o cristianismo).


A desconstrução não leva a lugar algum. Desconstrução por desconstrução, desconstruir tópico a tópico de cada uma das argumentações deste “documentário” ou de qualquer outro que desminta o cristianismo levaria tempo e uma capacidade elucidativa que eu não possuo. Muitos estudiosos cristãos, sejam evangélicos ou católicos, podem fazer isso. Mas o mercado não é cristão, nem dá espaço para que este faça sua argumentação. Não é portanto um diálogo, mas sim um monólogo ateísta ou na melhor das hipóteses, ceticista.


O que me deixa realmente doido é quando alguém se julga dono da verdade e, para validar isso, precisa provar o quão idiota, insignificante e tolo são aqueles que pensam de maneira diferente. Não admito um dito “documentário” que se isenta da imparcialidade, manipulando e orientando a opinião de quem o assiste como se fosse (veja só você) uma espécie de livro sagrado da verdade absoluta de que tudo está errado, de que tudo é falso e de que só ele sabe disso, e de que só ele sabe qual é o caminho para a verdade suprema. Parece-me discurso comunista... e me pergunto se não é de fato.


A contestação dos valores atuais sempre é algo que cativa os jovens, que para se auto-afirmarem, carecem de momentos de revolta, estando certos ou não. Como um “kidult”sei que muita gente nunca cresce. Infelizes os que não crescem e mantém a rebeldia como cão guia de suas vidas. Estes na verdade podem ter crescido, mas nunca amadureceram. Não entendem que é possível se revoltar sem ser rebelde, e que é possível contestar sem comportar-se como um tirano ou como um ditador. A contestação nasce da liberdade de pensamento de todos os seres humanos, e esta liberdade tem que ser preservada a todo custo.


O mais engraçado é que os casos de desconstrução da fé em Jesus são sempre muito parecidos. Primeiro, colocam a religião como algo ruim e que lhe tira a capacidade de ter uma opinião livre (nisso eu concordo, pois eu não tenho Jesus como uma religião e sim como o que Ele de fato demonstra ser para mim, de maneira pessoal e experimental).


Depois, dizem que o fato de você ter uma opinião diferente da deles (crer em Jesus Cristo) demonstra que você não tem liberdade de opinião e que sofreu uma “lavagem cerebral”! É uma tática muito parecida com a que a igreja católica usava na idade média e muitas religiões usam até hoje. “Meu inimigo não pode usar uma bomba atômica em nossa guerra, mas eu posso”, entende a lógica deles? Só são livres aqueles que pensam como eu, é isso o que eles pensam.


Cheguei a conclusão de que não importa quem você é, nem qual a sua orientação intelectual, psicológica, sexual ou religiosa. Para cada opinião que você tenha, existem outras 100 pessoas que pensam de maneiras totalmente opostas e que vão fazer questão de te dizer o quão enganado você está, inclusive interferindo com sua vida se possível para que você mude de opinião, pois na visão deles “você está errado e tem que ter a opinião certa”. No final das contas, é essa a guerra ideológica que vivemos, e apoiar nossas opiniões é entrar nesta batalha. Mas devem haver limites.


Ninguém tem o direito de entrar na sua casa sem sua autorização e te dizer o que é certo e errado do ponto de vista ideológico. Não sendo adepto de crimes como estupro, assassinato, pedofilia ou outros previstos na lei, você tem o direito de acreditar no que você quiser! E nem foi o Estado que lhe garantiu isso, mas sim Deus (ou o criador, ou o arquiteto, ou Maomé, ou a evolução das espécies, seja lá no que você acredite ou não) por meio do livre arbítrio. Você é um ser humano, tem uma mente, pode pensar e raciocinar (se bem que muitos não gostam de fazer isso, concordo)... você é livre, por mais que pessoas como os produtores desta porcaria chamada “Zeitgeist”diga o contrário.


Eu não defendo uma ecumenicidade pois isso vai de encontro ao que EU creio. Você pode até achar então que a religião (no caso o cristianismo) faz na prática o que renega na teoria: separa as pessoas, afinal de contas católicos, muçulmanos, evangélicos, judeus, hindus, xintoístas e espíritas tem ideologias que compartilham pontos em comum mas que na maior parte deles se opõe. Mas e se eu te disser que os cristãos sabem muito bem disso? Afinal Deus sempre deixou claro que poucos seriam os escolhidos (aqueles que acreditariam nEle). Poucos, infelizmente.


Mas o fato de pensar assim não significa que eu deva meter uma arma na boca dos que pensam diferente de mim para que aceitem a Jesus. Eles tem que ter o direito de acreditarem no que quiserem, pois Deus deu este dom a todo ser humano como uma capacidade orgânica e nata de nossa constituição. Então todos tem a responsabilidade de investigar estas coisas antes de simplesmente crer ou não crer. Ninguém pode alegar ignorância quanto a isso.


Voltando ao “documentário”: nele dizem que a maior piada já contada é que todos fomos convencidos de que existe um cara invisível no céu, que fica nos observando o tempo todo, que tem uma lista de 10 coisas que não quer que façamos e que se as fizermos, vamos para um lugar que ele criou aonde vamos queimar, sofrer e chorar toda a eternidade, e que a maior piada de todas é que, mesmo depois disso tudo, ele ainda nos ama! Depois, ouve-se uma platéia rindo disso, rindo da “tolice” dos cristãos, da sua ingenuidade...


Obviamente, os conceitos desta “piada” são medievais, já superados a séculos pelo cristianismo. As pessoas que tentam renegar a Cristo se prendem a esta época de erros como um cão se prende a um osso suculento que, sabe ele, um dia acabará. Mesmo que lhes argumente o que Jesus fez, representou e representa no relacionamento que temos com Deus, eles ainda o desconstroem.


Não adianta falar com pessoas tão determinadas assim. Eles estão surdos em suas “verdades”. Cristo fez alertas sobre pessoas assim antes de sua ressurreição, sobre os falsos profetas, sobre a corrida pela ciência, sobre as mentiras poderosas que se possível enganariam até mesmos os crentes.


Se creio no que creio, não foi por “escolher o lado dos que estão ganhando” porque é óbvio que quem tem ganhado não são os cristãos. Pelo menos de acordo com a visão humana (mas na visão espiritual, ganhamos em Jesus). Somos mortos, assassinados e violentados todos os dias, nossas famílias são destruídas, os valores morais são contaminados e a sociedade fica cada vez mais pútrida. Temos que nos trancar em nossas casas e condomínios. Todos os homens de bem na verdade sofrem com isso, mas supõe-se que um cristão de verdade seja um homem de bem (íntegro, justo, honesto, etc) acima de tudo. Então seria mais óbvio escolher o lado dos bandidos, dos sacanas, dos golpistas... eles estão ganhando. Mas como disse, apenas na visão humana...


Se creio no que creio, foi porque tive e tenho uma experiência, algo que me fez entender e aceitar sem manipulações externas ou joguetes psicológicos. E esta experiência é algo que apenas podemos dar testemunho, afinal, ocorre conosco de uma maneira que não pode ser medida, vista e observada: ocorre em nossas mentes e em nossas almas. Mas o mundo involuiu para tal grau que os testemunhos não tem mais valor. A palavra de um homem não pode mais ser pesada. Então, tomam-na por falácia.


A ciência só aceita o que pode ser experimentado, mas eles (os ditos cientistas) se negam a experimentar a Deus e a Cristo, pois tal experiência foge totalmente da lógica e metodologia científica da qual são escravos. Não que a metodologia e a lógica sejam ruins, muito pelo contrário! Mas se prender a elas cegamente é tão tolo quanto não dar a elas o seu devido valor e importância.


Encerrando: o que posso dizer deste “documentário” e de tantos outros que tentaram, tentam e tentarão desconstruir Jesus e o evangelho é que muitas pessoas, movimentos, religiões e ideologias já tentaram destruí-lo e desacreditá-lo por muito tempo, mas só conseguiram, infelizmente, contaminá-lo. Jesus Cristo é amor, segurança e esperança. Não se consegue arrancar isso do coração humano porque somos feitos disso, e precisamos destas coisas para viver. Tirar isso significa matar as pessoas.


Como citei antes em outros posts e cito novamente, Satanás não tem poder para criar nada, tão pouco destruir o que não lhe foi autorizado por Deus (caso fosse possível, já teria destruído o mundo todo). As armas que ele usa são as mesmas deste o início dos tempos: ele pega algo que é bom e que serve para a glória de Deus, e o deturpa até que esta coisa passe a negar a Deus. Ele é um deturpador, e suas artimanhas visam a corrupção.


O inimigo faz isso com todas as coisas que podemos ou não imaginar. Porque acha que não seria assim com a imaginação e capacidade intelectual do ser humano? Incitando-a a ideologias, opiniões, argumentações e correntes de pensamento que reneguem a Deus, ou que proponham uma visão totalmente distorcida de quem Deus é de fato? Afinal, o “documentário” começa com o narrador dizendo que não sabe o que é Deus, mas que sabe o que Deus não é. E ele termina por dizer que ele não é o que os cristãos ou judeus acham que é. Entendeu como funciona o jogo sujo do tinhoso?


Pensar demais sobre as coisas de um Universo que ninguém conhece (por mais que o estude) ou leva à loucura ou à mentira. Ou a pessoa afirma que detém a verdade sem a ter, ou vira um lunático porque sua mente não é capaz de entender a imensidão das coisas de forma total, apenas parcial. Como muitos não querem ficar loucos, mas querem passar a imagem de que sabem sobre as coisas, inventam o que lhes mais faz sentido. O bom-senso humano muitas vezes está certo, mas muitas vezes está errado. Devíamos saber ouvir nossos corações. Quantos destes “documentaristas” sabem ouvir os seus?


Eu Creio em Deus, em Cristo e no evangelho. Creio no final dos tempos (próximo, muito próximo) e nas promessas do Senhor. Creio na queda do homem, na existência de um inimigo inumano de toda a humanidade e no fato de que ele já está derrotado, apelas usando e sua aguçada inteligência e esperteza para, com peças de publicidade como este “Zeitgeist”, inserir em nossos corações o veneno da dúvida, da desconfiança e do ceticismo, desviando-nos da verdade de Deus, fazendo o que ele de melhor faz, que é inverter fatos e transformar a verdade em mentira e a mentira em verdade.


Julgue por si mesmo, e assuma as conseqüências de sua escolha. Eu já tomei minha decisão há um bom tempo e arcarei com tal escolha de bom grado, seja para o prazer ou para o sofrimento (que creio, será temporário enquanto físico): escolho a Jesus Cristo e seu evangelho, escolho Deus, sua misericórdia e sua graça, porque tudo o que Ele pede que sejamos é bom, não importa qual seja a sua opinião. Porque Ele me amou antes que eu o amasse, me criou a partir de meus pais, e porque, após me dispor a tal, passei a entendê-lo não só com minha mente, mas também com meu coração. Este é meu “ Zeitgeist”. Este é o meu espírito do tempo até o dia da minha morte, assim espero em Jesus Cristo.

10 de março de 2008

Reino encantado dos kidults

Ontem saiu na revista dominical Metrópole, do jornal Correio Popular, uma matéria sobre adultos que gostam de coisas de criança, ou "kidults" (termo que eu nunca tinha ouvido falar). Fui entrevistado e minha foto saiu na revista e na matéria on-line. Segue abaixo a íntegra (com a foto).


Revista Metropole
Reino encantado dos kidults

Tempos modernos: indústria de brinquedos, moda e arte descobrem adultos apaixonados pelo universo infantil


Eduardo Gregori
gregori@rac.com.br


Videogames, bonecos e bichinhos são alguns dos produtos que a indústria desenvolve para crianças e adolescentes, certo? Certo, desde que seja levada em conta uma turminha que cresceu sem esquecer as coisas boas da infância. “Minha mesa de trabalho é cheia de miniaturas. Gosto de colecionar miniaturas e bonecos. Tem a ver com o meu jeito de ser”, diz o analista de sistemas Daniel Paixão Fontes, de 30 anos.

As crianças crescidas, ou kidults (junção de kid e adults, do inglês), como são chamados mundo afora, são em sua essência, adultos que não perderam o gosto por brinquedos, revistas, bichinhos e bonecos.

A maioria é formada por “moleques” de 25, 30 e 40 anos, que vivem plenamente a fase adulta, com um pé na saudosa meninice. “Eu não gostava de ler os livros que a escola obrigava. Foi por meio dos quadrinhos que me interessei por literatura. Hoje, leio livros graças aos quadrinhos, que compro e coleciono”, conta o técnico em eletrônica Valter Ruiz, de 31 anos.

Fontes lembra que sua “kidultice” tem como responsável o irmão mais velho. Por influência dele, durante a infância, o analista de sistemas tomou gosto por ler e colecionar revistas em quadrinhos de heróis e na adolescência descobriu os mangás japoneses. “Nessa época, conheci personagens como o Akira e me identifiquei. Passei a colecionar e nunca mais parei”, conta.

Além de mangás, Fontes coleciona bonecos articulados e miniaturas. Quando tem a chance de aumentar a coleção, ele conta com o apoio da mulher, uma “kidulta” assumida. “Ela cresceu, mas preservou o lado criança”, comemora. Para o funcionário público Rodolfo Denadai, de 25 anos, a situação é um pouco diferente. A namorada até entende o fascínio que ele sente pelos brinquedos, mas se preocupa com os gastos que o kidult assume na compra de produtos tecnológicos. “Ela brinca com videogame, mas não gosta que eu gaste muito”, afirma.

Geração videogame

Bonecos, HQs, carrinhos, games, celulares, MP3 players, livros, caricaturas, travesseiros, peças de decoração e até almofadas estão na lista de desejos e de coleções dos kidults. “Tenho uma biblioteca completa de revistas em quadrinhos”, conta o analista de sistemas Daniel Paixão Fontes.

Antenados em tecnologia, os “meninos crescidos” são fãs de filmes e séries de ficção científica, de games para computadores, de jogos de RPG e videogames. “Eu joguei em quase todos os consoles. Meu pai me deu um Atari 2600, depois um Master System e um Super Nintendo. Hoje, tenho um console Wii, da Nintendo, e vários jogos para computador”, enumera Rodolfo Denadai.

O técnico em eletrônica Valter Ruiz aprendeu a ler por meio dos quadrinhos, mas foi com videogames e jogos para computador que conheceu pessoas de outros países e aprendeu inglês. Há dez anos, ele acompanha o desenvolvimento do jogo Final Fantasy, três deles na versão on-line. “Adoro videogames. Comecei pelo Atari, passei pelo Master System, Playstation 1 e 2. Hoje, jogo pela internet. Conheci muita gente e aprendi a falar inglês com eles.”

Para Ruiz, as crianças que cresceram após o processo da evolução da indústria de brinquedos, quando surgiram os jogos eletrônicos, são kidults natos. “A minha geração não sabe como as crianças se divertiam sem computador e videogames. Para a geração do videogame, a eletrônica é uma coisa normal e que cresce com a gente”, afirma.

Desde 1962

O primeiro videogame do mundo foi desenvolvido em 1962, nos Estados Unidos, por Slug Russel, Wayne Witanen e Martin Graetz, do Instituto Ingham de Massachusetts.

O primeiro videogame comercializado no mundo foi o Odissey, elaborado pela empresa Magnavox, em 1972, nos Estados Unidos. O Odissey chegou ao Brasil no final da década de 70 e ficou conhecido como Telejogo.

O Atari, símbolo da era do videogame, chegou ao País em 1983 e foi seguido pelo NES, Master System, Mega Drive, Saturn, N64, Playstation, GameCube, Xbox e o Wii.

O Playstation 1, da Sony, tornou-se o líder de sua geração, com 100 milhões de consoles vendidos.

A indústria de games é mais poderosa que Hollywood. O faturamento anual dos fabricantes é duas vezes maior que todos os filmes produzidos pela meca do cinema.

Na mira da indústria

Os kidults estão na mira da indústria de brinquedos. Esse novo nicho de mercado pode representar fôlego extra para o setor, que tem vivido uma sistemática estagnação. De acordo com dados divulgados por fabricantes, a indústria de brinquedos movimenta anualmente no Brasil cerca de R$ 1 bilhão, número que não tem crescido nos últimos anos.

Os kidults acenam como uma nova possibilidade e, se depender deles, a indústria de brinquedos terá vida longa. “Adquirir hoje um brinquedo que meus pais não puderam comprar quando era pequeno é uma maneira de realizar sonhos de criança”, explica o analista de sistemas Daniel Paixão Fontes.

Se há mercado, então sorte para os kidults que têm e terão um universo infindável de artigos para colecionar. Não são apenas os fabricantes de jogos e brinquedos que estão trabalhando para satisfazer as vontades das crianças crescidas. A indústria cultural também está criando objetos de desejo em forma de bonecos que misturam a cultura das ruas com arte pop: a Toy Art.

Bonequinhos travessos e caros

Não há nada que represente melhor um kidult do que um objeto de Toy Art. Nova vertente da arte pop contemporânea, a Toy Art é representada por bonecos criados por grafiteiros, ilustradores e artistas. As figuras estilizadas viraram febre mundial e são colecionadas por adultos que adoram o universo infantil com uma pitada de modernismo, perversão e tecnologia.

A Toy Art mira todos os bolsos. Peças produzidas em larga escala custam, em média US$ 4, nos Estados Unidos. O preço é proporcional ao prestígio do artista e ao número de cópias. Uma peça exclusiva ou de edição limitada pode chegar a U$ 20 mil dólares.

Em 2002, o designer Paul Budnitz fundou a Kidrobot, primeira empresa de criação e revenda de edições limitadas de Toy Art no mundo. De acordo com o site da empresa norte-americana, a Kidrobot explora tendências urbanas, das ruas, da moda e da arte pop para compor suas peças.

A Toy Art também está sendo utilizada como trampolim para jovens artistas. Muitos deles, até então desconhecidos, conquistaram status de celebridades com seguidores e fãs em todo o mundo. No ano passado, o Museu de Arte Moderna de Nova York adquiriu 13 peças de Toy Art, que agora fazem parte do acervo e estão em exposição.

No Brasil, a rede de lojas Imaginarium está investindo no mercado. A coleção Fun (fotos) foi criada especialmente para o público adulto. Entre as peças, estão almofadas, bonecos e bichinhos decorativos. A irreverência é o mote da coleção. Personagens aparentemente ingênuos escondem seus lados perversos. Um exemplo é o Kidult Apetite Animal, um boneco que veste uma camisa com a mensagem “I love poodles”, mas que, descobre-se depois, acabara de devorar um exemplar da raça. Há ainda o inofensivo coelhinho da Páscoa, que traz nas entranhas uma cenoura que acabou de comer.

Meninas Harajuku

Inspirada no universo kidult, na Toy Art e no japonismo moderno, a estilista cearense Melina Mastroianni compôs a nova coleção da marca Dona Florinda. “A Toy Art é feita de elementos coloridos e modernos que têm muito a ver com as meninas Harajuku, explica.

Meninas Harajuku são as adolescentes japonesas que se vestem de forma extravagante e que têm como ponto de encontro uma praça no entorno da estação Harajuku, do metrô de Tóquio. “Elas se vestem de maneira muito criativa e autêntica, com referências da cultura pop japonesa”, diz.

A coleção de Inverno 2008 da Dona Florinda, assinada por Melina, tem o jeans como base. Os modelos receberam detalhes, como mistura de botões, patches e bolsos. “Estudei muito a Toy Art, criamos aqui no Brasil e aplicamos nos modelos”, explica a estilista.

De Harajuku para o mundo

A cantora norte-americana Gwen Stefani foi a responsável por divulgar mundo afora as Meninas Harajuku. Em 2004, Gwen contratou quatro garotas para a turnê do disco Love. Angel. Music. Baby. As meninas continuam trabalhando com a cantora e estão em vários de seus videoclipes.

5 de março de 2008

Sobre professores e o costume de usá-los como bode expiatório


Blog "dubitandum", de Gustavo Ioschpe no website da VEJA
Nota de Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Salário de professores

Reportagem da Folha de S. Paulo de segunda-feira trouxe dados sobre o aumento salarial de professores. Estudo do Inep indica que os salários dos professores do setor público aumentou 39% entre 2003 e 2006, contra 17% da inflação do período. Um ganho real de 22% em três anos, portanto.

Outro trabalho de pesquisadora da FGV aponta que de 1995 a 2006 os ganhos salariais de professores da rede pública foram maiores que os da rede privada e o de outras categorias de trabalho.

São mais informações que só vêm ratificar aquilo que a literatura empírica já aponta há bastante tempo: não há relação estatisticamente significativa entre os salários de professores e o aprendizado dos alunos. No período estudado, a qualidade da educação brasileira só caiu.

Todos nós adoraríamos dar mais dinheiro aos professores – especialmente aos bons professores. Mas, se estamos preocupados com a aprendizagem dos alunos, fica patente que há melhores estratégias do que essa. Insistimos na idéia de que melhores salários gerarão melhor qualidade há mais de dez anos, desde pelo menos a criação do Fundef. Quanto tempo – e quanto dinheiro – adicional será gasto até que optemos por outros caminhos?

Precisamos melhorar a formação dos professores, o gerenciamento das escolas e as práticas dos professores dentro de sala de aula. Enquanto ficarmos no quantitativo – mais salário, mais computadores, mais merenda, mais transporte etc. – continuaremos patinando.





Depois de ler esta nota, não me contive, e enviei uma mensagem ao colunista expressando minha opinião. Quem já leu um texto que publiquei antes aqui mesmo sabe que tenho esta opinião formada a um certo tempo:




Caro Gustavo,

Em seu blog “dubitandum ”, dentro do website da Veja, li sua nota do dia 25 de fevereiro de 2008 intitulada “Salário de professores”.

De fato existe a necessidade de melhorias em diversos aspectos da educação em nosso Estado e em nosso país, aspectos estes diferentes de mero aumento salarial da categoria dos professores. Porém, algo em sua nota me deixou incomodado a ponto de lhe escrever (eu não costumo fazer isso com ninguém). Há tempos vejo muitas pessoas falarem e escreverem sobre o assunto de maneira semelhante a que você escreveu, me fazendo pensar se não é uma opinião comum da imprensa em geral.

Do modo que você escreveu a nota, entendo que seu posicionamento é que:

  1. Segundo o Inep, os professores reclamam de barriga cheia (mas ainda assim seria bom dar mais dinheiro a eles, afinal um ganho de 22% em um salário de R$800,00 são R$176 reais, o que é uma fortuna diante do reajuste do salário mínimo, mas que é pouco para uma família e pouco para o sacrifício pessoal que cada professor honesto e decente faz, afinal 22% de pouco é pouco)
  2. Os professores não se encontram preparados ou são incompetentes para educar nossos jovens, tendo em vista que “precisamos melhorar a formação dos professores, o gerenciamento das escolas e as práticas dos professores dentro de sala de aula. ”

Não sei se a nota foi apenas isso (uma nota), se pretendia gerar alguma reflexão em seus leitores, colocando a situação de acordo com seu ponto de vista. De fato, entrei em seu blog de maneira casual (sou leitor do blog do Reinaldo Azevedo e ouvinte do podcast do Diogo Mainardi), mas ao ler esta nota, fiquei de certa forma indignado. Como disse, já li e ouvi muita coisas semelhante a isso.

O problema da educação no país, espero que você já saiba e concorde, não pode ser atribuído apenas aos professores, tão pouco pode-se exigir apenas deles a solução. Utilizar este discurso é fazer dos professores meros bodes expiatórios do problema. Muitas pessoas tem analisado a situação sob esta ótica extremamente míope, esquecendo-se que o problema da educação é muito mais profundo, indo muito além da escola e da sala de aula. Os professores são o fim de uma cadeia que começou errada, e por si só não tem poder para mudar nada. O mundo real, infelizmente, não é como naqueles filmes americanos bonitos onde um professor chega a uma escola barra-pesada e muda a vida de todos.

Um filme brasileiro sobre o mesmo tema seria mais ou menos um drama nos seguintes moldes: uma professora de artes, em uma escola estadual na periferia, pede a seus alunos que façam um desenho sob seus sonhos e desejos para o futuro. Suas aspirações e suas vontades para dali a 5, 10, 20 anos. Ela realiza este trabalho com alunos de diversas idades, do ensino fundamental até o supletivo noturno, com pessoas dos 12 aos 50 anos. O objetivo não era o desenho em si, mas sim fazer com que as pessoas tivessem a oportunidade de exercitar sua imaginação com base nas suas esperanças mais básicas: uma profissão, um bem de consumo, um relacionamento, um status social, uma crença religiosa, uma viagem, uma mudança na sociedade, etc.

Mas o que acontece então é algo que reflete bem o tamanho do problema da educação, não só em São Paulo, mas em todo o país. Dos alunos, a grande maioria NÃO CONSEGUE DESENHAR NADA. Você e o possível espectador poderiam até imaginar que eles não sabiam COMO desenhar, mas o problema não era esse (já que muitos haviam feito desenhos razoáveis antes em outras ocasiões meramente técnicas). O problema é que eles não sabiam O QUE desenhar.

Indagados sobre o motivo de nada desenharem, eles simplesmente falam “não conseguimos imaginar nada para o nosso futuro”. A professora, preocupada, pergunta se eles não tem vontade de ser alguma coisa no futuro, como médico, advogado, dentista, office-boy ou jogador de futebol, sei lá, qualquer coisa que lhes desse um objetivo na vida! E eles diziam que não... os adultos, por sua vez, restringem-se a idéia de manter sua posição profissional ou grau social atual, sem mobilidades.

Dentre eles, poucos, muito poucos, não só desenhavam como desenhavam com convicção. Os desenhos não eram lá grande coisa, mas o que eles desenhavam era maravilhoso, por mais simplório que fosse: significava que eles tinham algum sonho, algum objetivo, algo a perseguir em suas vidas.

Esta história, infelizmente, é real. Esta professora é a minha esposa, e esta escola é fica em um bairro da periferia de Campinas. Isso ocorreu no ano passado, e me lembro até hoje de quando ela me contou este fato. Fiquei tão arrasado quanto ela. As escolas públicas, desde muitos anos, são meros depósitos de pessoas, deixadas lá por pais que pensam que é responsabilidade dos professores educar aquelas crianças e jovens naquilo que eles mesmos tinham como obrigação ensinar e prover: respeito, ética, carinho, amor, esperança, humildade... não que os professores não devam oferecer estas coisas aos alunos, é claro que devem! Mas como os alunos receberão isso de um praticamente estranho, se nem de seus próprios pais e irmãos recebe?

Se analisar a vida destas jovens, verá que a maioria não possui uma família estruturada. Quando tem uma família, falta comida, amor ou respeito. Muitos são criados só pelo pai, ou pela mãe, ou nem isso. Muitos tem destes “pais” aquele tratamento minimalista em que seus progenitores, pensando que lhes dar um pouco de comida e um lugar para dormir é o bastante, não demonstrando nenhum interesse pela vida, futuro ou felicidade de seus próprios filhos, ou por negligência, ou por incapacidade.

Destes pais, muitos não são propriamente culpados. Durante muito tempo a sociedade se deixou adoecer e insensibilizar pelo descaso e pelos interesses de inúmeros governos, empresas e grupos, os brutalizando desta forma. A má distribuição de renda, a má qualidade de diversos serviços públicos básicos (dentre eles a própria educação), a falta de emprego e a escalada da violência e do crime aprisionaram grande parte da sociedade (principalmente nas periferias) a um sistema fechado de brutalização, que se retro-alimenta e se expande com um desempenho notável, semelhante apenas à forma que um câncer se desenvolve em um organismo vivo.

Diante disso, chega a ser nojento ouvir a secretária de educação do Estado insinuando que a maioria dos professores que faltam todos os dias nas escolas são vagabundos (que é a idéia que me parece que está sendo vendida à sociedade nos ultimos tempos), querendo até mesmo (veja só) limitar a quantidade de dias que os mesmos poderão faltar por motivos de saúde!

O caos, a pressão e o sentimento de incapacidade diante de uma situação que eles mesmos não tem a menor possibilidade de resolver é tão grande que a maioria absoluta destes que faltam, faltam por estarem verdadeiramente doentes; emocional e psicológicamente comprometidos e desgastados, com o coração em frangalhos.

Muitos professores (arrisco em dizer que a maioria) tem que fazer terapia com psicólogos para suportar a situação (minha esposa inclusive, e acompanhada por um psiquiatra e por medicação). Ouvir acusações de que são vagabundos, ou que reclamam de barriga cheia ou que são incompetentes é ofensivo, imoral e totalmente descabido.

Se nada for feito, não tardará até que todo o país fique mergulhado neste caos, em um período curto, que atingirá já a próxima geração de brasileiros (se não a nossa mesmo). Não tardará para que o corpo que a sociedade representa morra por metástase. E quando isso ocorrer, até aquelas partes do corpo que se julgavam intocáveis sucumbirão, não é mesmo?

Ninguém fala dessa tragédia diária nos jornais. Ninguém fala disso na TV. Ninguém fala nos blogs sobre a lama podre que está bem debaixo de nossos pés, sob uma fina camada de ordem que fica mais frágil dia a dia. Ao invés disso, preferem falar da ponta do iceberg que são os professores. Que eles precisam de um melhor preparo, não há dúvida! Que eles precisam de uma formação melhor e mais moderna é tão óbvio quanto preciso! Mas eles estão longe se ser até mesmo o pavio da bomba relógio que instalaram em nossa nação no passado e que as pessoas no poder da situação, ao invés de desarmar, pelo contrário, vem dando manutenção nela, fazendo o possível para que ela não estoure enquanto eles mesmos estiverem no poder.

Assim, seria de uma tolice e ingenuidade sem tamanho afirmar que um professor que ganha bem e que tem mestrado em educação, sociologia e psicologia, além de treinamentos diversos em pedagogia e em sua área de conhecimento detém a capacidade de atrair a atenção, esforço e vontade de uma criança ou de um jovem para a escola e o estudo, a fim de progredir em sua vida de uma maneira honesta, saudável e ética. Porque, do lado de fora, esta mesmo jovem vê uma realidade totalmente diferente, cruel e sanguinário. Seus amigos vendem ou consomem drogas; em casa falta comida e os pais não ligam para ele, sendo indiferentes ou os maltratando. Com o meio social em que vivem se encontrando imerso em uma injustiça que já ultrapassou todos os limites, eles não tem meios de ter esperanças ou sonhos. E uma pessoa sem esperanças e sonhos é uma pessoa morta, mesmo que viva.

Esta é uma sociedade onde bandidos usam vans cheias de crianças como reféns. Onde bandidos arrastam o corpo de uma criança pelas ruas até ela morrer de maneira brutal. Onde policiais são mortos a plena luz do dia emboscados em lugares de grande movimentação, sem o menor pudor. Onde políticos ficam cheios de dedos para dar um aumento do salário mínimo, mas não titubeiam em usar cartões corporativos e desviar verbas para fins escusos.

Neste mundo, é muito mais lógico para um jovem esmurar a cara e uma professora em plena sala de aula do que prestar atenção no que ela ensina, ou do que pensar em seu próprio futuro. Por mais técnica, amor e conhecimento que o professor possa ter, ele não tem meios de atingir o coração e a mente de alunos inserido neste mundo insano.

A educação é tratada com grande demagogia por todos nós em maior ou menor grau. Todos já sabem muito bem que ela é um dos alicerces da sociedade, mas o fato é que sozinha ela nada pode fazer. Ela por si mesma não sustenta um povo. O que sustenta uma sociedade é uma educação de qualidade, um sistema de saúde digno e uma verdadeira distribuição de renda por meio do acesso ao emprego, e não por meio de programas sociais que assemelham-se a esmola. Nenhum deles ou mesmo dois deles é capaz de sustentar a sociedade ou a si mesmo.

De fato, é como um tripé. E como todo tripé, ele deve estar apoiado sob sub uma superfície plana, permitindo que aqueles que nela estejam possam ser elevados a um patamar mais alto. Esta superfície é a instituição chamada FAMÍLIA, que foi destroçada em nosso país. Sem família, uma nação não tem chão para pisar. Lembra daqueles alunos da escola que desenharam com convicção? Vá até a casa deles e veja: eles tem uma família saudável, enquanto que muitos dos outros (não todos, porque generalizar e rotular qualquer coisa é sempre um erro) não.

Trata-se, assim, de uma cadeia de eventos. A família é destruída e seus integrantes não se importam mais uns com os outros. Portanto, não são capazes de se importar de fato com os demais integrantes da sociedade, destruindo as bases desta sociedade, levando-a a entropia total.

Desta forma, acho descabida a afirmação de que a responsabilidade ou boa parte dela seja dos professores. A responsabilidade de fato é de todos nós, que votamos em políticos para nos representar, mas que representam apenas a seus interesses pessoais. Se nossos políticos fossem honestos, se a máquina administrativa fosse ética e correta, nada disso estaria ocorrendo. Portanto, só quando isso ocorrer é que teremos estes e tantos outros problemas solucionados.

Não consigo ver ainda uma forma de quebrar esta cadeia de acontecimentos trágicos, que vejo como de ordem cultural e não educacional. Mas sei que não é apenas por meio dos professores (que já lutam todos os dias nesta verdadeira guerra) que isso ocorrerá. Será sim por meio da reestruturação e salvação da família brasileira.

Espero que entenda que eu precisava expor meu ponto de vista diante disso, mesmo que possa ser, em termos, contrário ao seu. Pelo menos, que sirva para enriquecer o debate sobre o assunto.

Um abraço
Daniel Paixão Fontes

3 de março de 2008

Fazendo valer a pena

No final de semana, a idéia era descansar. Aquela bendita gripe que havia inflamado minha garganta estava minando minhas forças, e previa com resignação a companhia de uma caixa de lenços de papel. Minha esposa estava na mesma condição. Éramos um casal compartilhando até mesmo nossas doenças.


Sem nada para fazer, passamos a assistimos animês. Fazia um bom tempo que eu não assistia a tantos em um mesmo dia. O escolhido da vez foi “Chobits” (vimos 12 de 24 episódios), que eu havia gravado há anos, mas nunca havia assistido (já havia lido o mangá).


Chobits, para quem não sabe, é a história de um estudante que encontra uma linda persocom no lixo. Os persocoms eram os computadores pessoais naquela realidade, que tinham formatos diversos, sendo os mais populares os que imitavam humanos.


Logo descobre-se que a persocom é especial e muitas coisas acontecem, com um mistério como pano de fundo: quem ela era e qual o seu objetivo. Tudo regado a muita comédia.


E assim, aqueles dois dias que antes prometiam uma chatice danada revelaram-se divertidos e confortáveis. Um jantar no Friday´s selaria a noite de sábado, e um estudo bíblico selaria a noite de domingo, já que não estávamos com forças para sair de casa.


Como falei antes, estar casado é uma experiência única. Existem momentos bons e ruins, como em tudo na vida. E os momentos bons como o que relatei, por mais raros que sejam, fazem a união valer muito a pena.