LUTE

Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas - 1 Timóteo 6:12

SE DEIXE TRANSFORMAR

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus - Romanos 12:2

ACEITE O SACRIFÍCIO

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna - João 3:16

VÁ NA CONTRA-MÃO

Converta-se cada um do seu caminho mau e de suas más obras, e vocês permanecerão na terra que o Senhor deu a vocês e aos seus antepassados para sempre. Não sigam outros deuses para prestar-lhes culto e adorá-los; não provoquem a minha ira com ídolos feitos por vocês. E eu não trarei desgraça sobre vocês - Jeremias 25:5-6

REFLITA A LUZ DE JESUS

Pois Deus que disse: "Das trevas resplandeça a luz", ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo - 2 Coríntios 4:6

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23 de novembro de 2007

Cansado, frustrado e estressado


Os últimos dias tem sido complicados. Sinto-me um pouco perdido, cansado e confuso. Não tenho conseguido me concentrar, e a sensação de que estou em uma situação fora do meu controle me assombra quase toda hora. Sinceramente, continuo naquela situação de frangalhos emocional. Não tenho me sentido muito bem comigo mesmo.


A sensação que tenho é a de que eu tenho ficado egoísta. Tenho pensado demais em fazer coisas para mim mesmo, não importa o que seja, desde que o fim seja me agradar. Pode ser comer um doce no almoço (e por conta disso estou engordando de novo). Pode ser algo que me deixe em crise depois. Não importa. O que está acontecendo é que eu não tenho conseguido fazer algo pelos outros, e isso me deixa em uma posição muito complicada.


Um exemplo é com relação a alguns serviços como free-lance que eu tinha pego para fazer durante a noite. Eu não estava tendo nenhuma condição de tocá-los mesmo porque um deles, o maior, estava se arrastando por muito mais tempo do que o combinado inicialmente e eu não tinha como conciliá-lo com meu serviço formal, pois no mesmo a carga de trabalho aumentou muito.


Não sei se estou cansado, estressado ou o que... mas eu não estava em condições de continuar e a pessoa que havia me passado o serviço, que é minha amiga (pelo menos ainda acho que é) não fala comigo desde então, como se estivesse magoada e com o pensamento de que eu a prejudiquei intencionalmente, mesmo eu explicando a situação toda e os agravantes que houveram (que não vem ao caso comentar).


Recusei um bom projeto por conta disso recentemente, e sei que vou me arrepender disso no futuro, pois seria uma fonte de renda interessante. Mas o fato é que eu não tenho conseguido fazer nada disso.


Não sei se foi porque eu casei ou como disse, se estou apenas cansado neste ano que foi sem sombra de dúvida o mais agitado da minha vida até aqui. Só sei que estou em frangalhos, lutando para ser uma pessoa produtiva ao menos no meu serviço e um marido bom para minha esposa.


Abdiquei de algumas coisas para abraçar outras. Foi uma escolha, eu sei. Aprender a não abraçar o mundo é complicado, mas extremamente necessário. Só queria que esta fase passasse logo. Querer me agradar as vezes é bom, e espero que isto que eu estou passando seja apenas um período gerado pela canseira.


Para se ter uma idéia, estou tão quebrantado que até mesmo meu sonho de ir para o Canadá me pareceu agora distante. Pensamentos ruins sobre ele tem me incomodado, como “você não vai ter condições de ir para lá” ou “você mal consegue se virar aqui no Brasil, como vai se virar em um país estrangeiro” ou ainda “você nunca vai falar inglês bem o bastante”. Sinceramente, pensamentos que não são meus.


Espero ter férias em fevereiro e depois disso voltar ao meu eixo, mas o fato de estar descontando minha tensão e estresse na comida novamente (e como eu disse, estar engordando de novo e ter parado de ir na academia), mais o fato de me sentir assim, desequilibrado, estão me indicando a necessidade de buscar ajuda psicológica ano que vem. É evidente que sou uma pessoa complicada.


E quanto a minha condição espiritual? Creio que eu e a Cris temos dado passos na direção certa novamente. Discretos e curtos, mas ainda assim passos. Buscamos Deus, oramos juntos, procuramos sua orientação e a paz que só Ele é capaz de nos dar. Que Ele fortaleça nossa fé e nos faça trilhar o caminho que a seus olhos é o correto para nós.

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 4:
FOGUEIRA DAS VAIDADES

Foi como se o ar tivesse parado de propagar o som por alguns segundos. Um silêncio sobrenatural tomou conta do lugar, e todos sentiram um calafrio indescritível. Todos os olhos e câmeras no local se voltaram para a pilha de destroços incandescentes do Palácio do Planalto. Vislumbraram o fogo, que era avermelhado e discreto, ganhar cores verdes e grandes labaredas, como se a tivessem reabastecido com um combustível de alta octanagem.


Do meio das chamas, Livre apareceu brilhando tanto quanto uma estrela. Mais uma vez seu brilho foi se apagando, conforme saia das chamas verdes. Os militares caíram sentados, derrotados ao ver que nada do que fizeram surtiu efeito. Os políticos sentiram suas almas gelarem. As câmeras e microfones das equipes de reportagem se direcionavam famintas para Livre, que pousou no solo com suavidade. Ele começou a falar.


“Olá”, disse ele, com um sorriso paternal nos lábios. “Sei que todos devem estar confusos e assustados, mas quero deixar bem claro que toda esta destruição não foi provocada por mim, mas sim por eles” disse Livre, indicando o presidente e os demais políticos que o cercavam. “Eu apenas vim para quebrar um ciclo vicioso. Porém este evento teve o seu propósito. Como símbolo de uma era decadente, o prédio que outrora aqui existia foi destruído por aqueles que nele viviam. Tomei providências para que o fogo aqui existente não se extingua até o final dos dias. Será um memorial ao povo. Um memorial de seus erros. Uma fogueira das vaidades, aonde todos que a contemplarem terão a oportunidade de queimar seu egoísmo, perversidade e corrupção.”.


Livre virou-se e com um gesto, fez com que as chamas ganhassem cores brancas. Se alguém se aproximasse dela, notaria que as chamas não ardiam nem queimavam fisicamente. Mas causavam queimaduras nas emoções mais viz do coração. As chamas eram brancas porque eram chamas purificadoras. Livre virou-se novamente para os jornalistas e para o povo que agora estavam mais próximos ainda.


“Como símbolo da falência desta era, resta-lhes esta fogueira das vaidades... e como símbolo dos novos tempos, dou-lhes um substituto que representará a força e a transparência que irão reger este país daqui por diante. A sede do novo governo deste país.”.


Fez mais um gesto, e logo atrás da fogueira das vaidades fez surgir algo cuja beleza era de uma simplicidade e força singulares no planeta inteiro. Uma construção enorme, cerca de 20 vezes maior do que o antigo palácio do planalto, surgiu do nada. Totalmente feito de cristal, mais resistente do que diamante, com muitas partes totalmente translúcidas e um teto de cristal fosco, para proteger do Sol quem dentro dele estivesse, mas que ao mesmo tempo permitia uma iluminação interna natural. Não era um palácio, mas sim um templo, com enormes colunas e um pé direito de 15 metros em cada andar, com um total de 5 andares.


Todos olhavam para aquilo com assombro. Era a obra de arquitetura, se é que uma construção mágica podia ser chamada assim, mais bela já sonhada por uma mente humana. Livre voltou a falar aos repórteres.


“Declaro extintos os 3 poderes civis, as forças armadas, a república, a democracia e o país chamado Brasil por um período de 500 anos. De hoje até lá esta terra será conhecida como Reino Mágico do Sul e eu, Livre, seu regente. Como primeiro ato, fecho as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas do país com uma barreira arcana”. Ele fez um gesto estranho com suas mãos e um circulo arcano surgiu no chão sob ele. Imediatamente uma barreira translúcida e azulada se estendeu por todas as fronteiras citadas.

continua...

22 de novembro de 2007

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 3:
SIMBOLISMOS

Livre olhou para aquele homem encolhido diante dele com repugnância, mas teve pena. O presidente chorava e estava a beira de um colapso nervoso, seja pelo espanto da aparição, seja pela dor de suas unhas descoladas. Livre o tinha conquistado. Livre podia libertá-lo, e assim o fez. Tão subtamente quanto havia aparecido, o revestimento de cristal se desmaterealizou, e o presidente rapidamente saiu correndo pela corredor, gritando desesperadamente.


Livre esperou pacientemente. Sabia o que viria a seguir. Na verdade era preciso que aquilo ocorresse como um ato simbólico, para que todo o povo e todas as gerações seguintes compreendessem aquilo que estava para acontecer. Bem... não tanto para a geração atual, que não tinha como decifrar o simbolismo oculto nos atos que começavam a se desenrolar ali, naquele instante, devido a sua condição de penúria e escravidão intelectual. Mas as gerações futuras, estas sim compreenderiam este simbolismo. E este simbolismo se enraizaria em suas almas de tal forma que eles nunca mais voltariam a ser como eram. Seriam, evidentemente, como Livre era.


Minutos depois cerca de 30 homens armados da segurança entraram atirando certeiramente em Livre. Os projéteis batiam contra sua pele e sua trajetória era desviada, fazendo com que as balas simplesmente ricocheteassem. Os homens olharam para aquilo de maneira assustada. Os locais aonde as balas haviam acertado Livre (todas pontos mortais, diga-se de passagem) estavam trincadas, e as trincas logo se fecharam, como que por mágica. Sua pele era como que feita de cristal.


Livre olhou para eles de forma dócil. Sabia que eram meros bonecos, como ele mesmo era sob um ponto de vista. Com um gesto rápido de suas mãos, transmutou as armas daqueles homens em um lodo negro e de cheiro horrível.


Um deles, provavelmente o mais estúpido de todos, avançou contra Livre. Era perito em artes marciais, mas não conteve o grito de dor quando esmigalhou a maior parte dos ossos de sua mão direita ao tentar aplicar um violento soco contra o rosto de Livre.


“Parem, será que não percebem? Nada disso é necessário”. Os homens arrastaram seu amigo para fora e desapareceram. Em minutos surgiram homens uniformizados com roupas de um esquadrão especial do exército. Suas armas eram de calibre muito maior, e logo começaram a atirar contra Livre em um volume ridículo. Um ser humano teria sido esfacelado pela quantidade de balas. Mas o efeito foi pior do que da vez anterior, e muitas das balas, no seu ricochete, atingiram os atiradores. Alguns morreram na hora.


Aquilo se estendeu por cerca de duas horas. Tropas inteiras cercavam o Palácio do Planalto (que obviamente já estava evacuado desde os primeiros minutos após Livre libertar o presidente), com tanques de guerra e veículos blindados como apoio. Jatos da Força Aérea sobrevoavam o lugar e o espaço aéreo estava isolado. Redes de notícia tentavam captar e noticiar o que podiam. Todo o país estava diante da televisão, que mostrava colunas de fumaça negra subindo de dentro da sede do governo. No exterior, milhões de pessoas viam os eventos.


Após a 7ª tropa falhar na tentativa de eliminar “o demônio” (como os operativos do local chamavam Livre), o presidente, reunido com seus ministros e com os chefes das forças armadas, salivava quando dizia que deviam bombardear o prédio e matar a criatura.


“Tem certeza, Sr. Presidente? É um dos símbolos máximos do País” ponderou um dos líderes militares. “Ponha abaixo e mate aquela criatura terrível, vamos mostrar que temos capacidade de realizar sacrifícios em prol da nação” disse ele, raivoso. Os ministros concordavam. Com pesar, o coronel deu a ordem a seu comandante, que as repassou para a base mais próxima. Em minutos um bombardeiro levantou vôo e despejou toneladas de explosivos contra o Palácio do Planalto, acompanhado por misseis de diversos caças que patrulhavam a área, com a finalidade de causar uma explosão de força incrível e assim assegurar o objetivo de destruir Livre.


O país (e boa parte do mundo) ficou catatônico diante da cena ao vivo. Nunca antes naquele país havia se vido uma coisa tão incrível, poderosa e destrutiva. Um grande cogumelo de fogo, entulhos e terra se levantou a centenas de metros no ar, e uma grande montanha de destruição incandescente habitava onde outrora era a sede do governo.


Minutos se passaram, os políticos comemoravam, os militares pensavam se aquilo era mesmo necessário, o povo sentia um nó na garganta e as agências de notícia vibravam com a cobertura ao vivo mais impactante desde os eventos de 11 de setembro. Só que ninguém esperava pelo que ocorreu logo em seguida.

continua...

21 de novembro de 2007

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 2:
SANGUE & CRISTAIS

Livre viu o homem fitá-lo de maneira desconfiada e assustada. Vendo que não adiantava ficar ali por mais tempo, Livre disse adeus e, deixando o homem mais abismado ainda, levitou diante dele, voando como um pássaro em direção à capital do país. Ele tinha um propósito, mas não tinha nenhuma dúvida do que fazer e de como executar suas ações.


Naquele mesmo instante, há 100km dali, mais um dia começava na sede do governo. O presidente e alguns de seus ministros tinham uma reunião de portas fechadas com alguns lobistas representantes de algumas das maiores empreiteiras e construtoras do país. O diálogo era pútrido como quase tudo que ocorria naquela cidade, e se tratava de linhas de crédito exclusivo (com dinheiro destinado originalmente à educação e à saúde), super faturamento, desvio de verbas e demais falcatruas.


Todos saíram rindo da reunião. Estavam felizes pois nunca tiveram tanto dinheiro. Seu esquema envolvia contas no exterior e transferências ilegais de valores. Era um esquema sujo controlado por quem estava no poder. “Ninguém observa os observadores” pensavam eles. E era verdade, pelo menos até aquele dia.


Em sua mesa, o presidente conversa com alguns de seus aliados, líderes do governo na câmera e no senado. Falam sobre mudanças em leis de interesse partidário, e comemoram os recordes de arrecadação em impostos. Comentam o estrangulamento econômico do país em alguns anos, mas gargalham ao constatar que “aquilo não será mais problema deles”.


“O povo tem sido mantido em uma sombra de confusão por gerações. Sem uma formação educacional de qualidade eles não aprendem a refletir, a ponderar, a questionar. Ensinamos o povo, no máximo, a como trabalhar, por meio de ensino técnico e profissionalizante. Ensinamos como usar uma chave de fenda mas não ensinamos o porque de usar uma. E desde que ele se sinta confortável com isso, ou preocupado em não deixar de usar a chave de fenda, tudo estará como desejamos” confidenciaram entre si. “O plano continua na pauta do dia: manter o povo na ignorância e na situação calamitosa em que se encontra é fundamental para a manutenção do poder... do poder de desviar verbas sem ser questionado, de distorcer a verdade, de manipular opiniões, de se apropriar indevidamente de conquistas, de se vangloriar por nada e, se sobrar tempo, de fazer alguma coisinha pelo povo”.


Eles gargalham uma vez mais. Todos saem da sala e o presidente fica sozinho para despachar. Quase tem um infarto quando vê Livre sentado em sua cadeira, fitando-o silenciosamente com um olhar de reprovação devastador. Sua figura era semelhante a um fantasma.


“Quem é você e como entrou aqui?” perguntou o presidente, ainda assustado. Livre se levantou e apenas com um pensamento isolou toda a sala, recobrindo-a com uma grossa e naturalmente irregular camada de cristal translúcido. Não um cristal qualquer, mas um cristal tão duro quanto diamante.


O presidente ficou apavorado e caiu no chão, tamanho era a tremedeira em suas pernas. Ele se levantou e correu em direção aonde ficava a porta quando Livre levitou em sua direção. Ele raspava o cristal duro com suas unhas tentando vencê-lo para escapar, e logo as unhas se descolaram de sua carne e o sangue começou a verter de suas mãos.


Livre agarrou as mãos ensanguentadas do homem. Os olhos do presidente se esbugalhavam de pânico. Livre tinha os cabelos esvoaçantes e os olhos agora sem pupilas, totalmente brancos. Ele levantou as mãos do presidente e as fez tocar o rosto do homem, manchando-a de sangue. “Este sangue em suas mãos é do povo morto e sofrido deste país que não é nação. Este sangue está nas suas mãos e nas mãos de cada um dos seres humanos que já pisaram sob esta terra e a chamaram de pátria, e supostamente a administraram de alguma maneira” disse Livre.


O presidente começou a chorar. Livre o soltou, e ele caiu no chão novamente, entregue. “Hoje este ciclo vicioso terá seu fim. Avise a todos os seus companheiros que hoje é o dia da desforra contra o descaso e a iniquidade. Diga há eles o que eu digo a você: renda-se ou sofra as conseqüências. Eu vim para conquistar e então libertar, porque só se pode libertar algo que você conquistou. E bem sei que esta conquista será batizada em sangue, porém, no sangue impuro de homens viz e gananciosos”.

continua...

14 de novembro de 2007

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 1:
LIVRE ÉS

Era uma vez um país muito bonito chamado Brasil. Já fazia pelo menos III séculos que ele vivia aquilo que muita gente considera como sendo a forma de organização social ideal: a democracia capitalista.


É verdade que neste meio tempo algumas pessoas acabaram instalando uma situação diferente da democracia, mas em algumas décadas eles foram suplantados pelos heróis da liberdade, que carregados nos braços do povo, restauraram a estes a “liberdade”. Muita gente morreu. Muita gente desapareceu. Muita gente sofreu e sofre por estas coisas até hoje. Mas só até hoje.


Até ontem o Brasil era assim, um país de mequetrefes. Os heróis da liberdade tornaram-se tiranos disfarçados de democratas. Lobos em pele de cordeiro é o que eram. Assim o país foi mergulhado em uma confusa zona cinza aonde o mal não era tão mal assim, e o bem, não tão bem quanto devia ser. Havia promiscuidade em todos os níveis da sociedade e em todas as formas imagináveis.


O povo foi manipulado, transformado em verdadeiros zumbis culturais, passando a crer que era normal afinal de contas tudo aquilo, desde que levasse vantagem e se desse bem de alguma forma. O mundo se resumia a um fantasma, e um prazer breve, sujo e individual justificava o sofrimento longo, altivo e coletivo.


Isso não começou depois da aparição daqueles velhos heróis. Não começou com aqueles que tentaram acabar com a outrora virtuosa democracia. Isso nem mesmo começou com a dita independência. Isso começou muito antes que qualquer ser humano tivesse colocado os pés sob a terra que atualmente se chama Brasil. Algo que ocorrera a milhares de anos atrás, quando algo assustador se arrastava sob a face da Terra e ali deixou algo.


Vamos chamar este algo de “caveira de burro” por enquanto. No final, você entenderá que este termo se encaixa, ao mesmo tempo que não.


Devido a isso, e a todo o curso de eventos que ocorreram naquele belo país, seu povo se assemelhava a um ex-algo. Um projeto falho, uma tentativa frustrada ou a uma grande decepção. Para si mesmos e para todos os que não fossem aquele ex-algo. Durante séculos eles foram maltratados, sugados, enganados, traídos, escravizados, discriminados, explorados, torturados e famigerados. Sua alma foi massacrada e nada mais eram além da sombra do que deviam ser.


Mas tão certo quanto o dia surge após a noite, tudo no Universo tem um começo e com certeza, um fim. Nem tudo, é verdade. Mas tudo, menos Alguem, tem um começo e um fim. Livre sabia disso. E por isso correu para os atos que sucederam-se. Atos que poriam fim a aquilo, e que mudariam a realidade de uma maneira tão visceral que ninguém nunca poderia supor como possível. E tudo começou naquele dia...


Era mais um dia qualquer em uma cidade no meio de Goiás, a 100km do Distrito Federal. Um homem do campo acordara de madrugada como sempre para ir para a horta. Assustou-se tremendamente quando abriu a porta de casa e viu ali algo que em primeira instância julgou ser sobrenatural. Sua alma tremeu e seu coração entrou em um desespero tão grandes que ele chegou a pensar que morreria. Mas não morreu. Nunca morrem...


O que ele via ali, no meio da horta naquela madrugada fria e úmida, brilhava como um diamante iluminado de encontro à luz do sol. Aquele brilho era quente de uma maneira aconchegante. E logo começou a diminuir. O homem pode ver então que a fonte daquilo era um homem. Um homem muito estranho a principio, mas que, depois do brilho desaparecer por completo, pareceu bem comum.


O homem do campo se aproximou, e viu um homem de idade mediana, com cabelos cortados de maneira média, negros como carvão. Sua pele era pálida de uma maneira saudável, como se apenas não tomasse Sol há muito tempo. Ele se levantou e o homem do campo se assustou.

“Não precisa ter medo, amigo. Sei que deve estar estranhando, mas posso lhe garantir que não vou te fazer mal algum. Eu me chamo Livre”.

continua...

12 de novembro de 2007

Espada Quebrada


Nos últimos meses tenho passado por momentos singulares em minha vida. Uma grande quantidade de mudanças ocorreram em minha vida e sei que não estou digerindo cada uma delas muito bem. É mais ou menos como se eu tivesse comido algo muito gostoso porém indigesto, que me provoca azia, mal-estar e dores de fígado.


Na verdade eu estou com estresse. E na verdade, não quero fazer nada a respeito porque, em ultima instância, só umas boas férias me ajudariam agora. Qualquer outra coisa além de férias só servirá para me deixar mais estressado ainda.


Tem dias que eu me arrasto tamanha a falta de energia. Eles tem sido a maioria. Nem mesmo na academia tenho conseguido ir, e hoje não será diferente. Quero ir para casa e ficar sem fazer nada realmente sério. Ando enfadado disso e ser sério tem me deixado em um estado de agonia.


Meu cérebro anda cansado, mas ao mesmo tempo não me deixa parar. Sou viciado em coisas que me esgotam. Sou viciado em pensar e em entender. Sou viciado em ordenar, vislumbrar e catalogar. Sou viciado em me exaurir de energias, em me desgastar e em nunca ficar parado. Sou viciado em me saciar.


Não é a primeira vez que me vejo literalmente em um ciclo vicioso do qual aparentemente não posso escapar. Como... um escravo de minhas paixões. Para onde foi aquele crente determinado? Para onde foi a minha fé?


Ontem mesmo estive refletindo sobre isso (em voz alta para o espanto de minha esposa). Tive uma visão própria um tanto quanto estranha. Me vejo como uma espada quebrada. Como algo feito para um propósito, mas que por uma grande imperícia, está danificada e desta forma não serve para nada. Assim como a espada de Isildur, uma coisa para a qual muitos olham com desprezo por ter falhado, mas alguns olham com respeito por seus feitos.


Ela, porém, pode ser forjada novamente por aqueles que a criaram inicialmente, para que pudesse enfim cumprir sua missão original, com honra e perfeição.


Já ouvi uma parábola que dizia que somos como espadas forjadas por Deus. Sofremos altas temperaturas, marteladas e choques térmicos para sermos uma espada, que em nossa vida significa as dificuldades, lutas, dúvidas e dores que nos tornam crentes experimentados no Senhor . No processo algumas espadas podem se quebrar, e destas Deus se desfaz, pois afinal, para o que serve uma espada quebrada?


Mas uma espada que um dia já foi espada, que já experimentou o sangue do inimigo e que agora se encontra quebrada será necessariamente rejeitada? Uma espada que já cortou e lutou pode ser deixada de lado, como se aquilo que fez de nada valesse?


Uma espada, uma vez quebrada, pode ser reaproveitada mesmo que não possa ser reforjada. Os samurais costumavam pedir a ferreiros que reaproveitassem suas espadas quebradas fazendo delas adagas ou espadas menores, trabalhando a lâmina até a parte em que ela originalmente se quebrara. Costumava desta forma carregar de 2 a 3 espadas então: uma grande, uma média e uma destas pequenas, sendo esta a usada nos rituais de sepukku.


Seu alcance e envergadura obviamente não eram mais os de uma espada, mas uma vez reaproveitada ela ainda podia cortar, perfurar e matar. Menor e mais ágil, podia ser muito mais perigosa do que uma espada propriamente dita, podendo ser oculta com facilidade e mostrada apenas no momento oportuno da vitória. Cumpria assim aquilo para o que havia sido feita originalmente, mas de uma maneira diferente.


Prefiro pensar desta maneira. Serei reaproveitado pelo Senhor? Espero do fundo do meu coração que sim.