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31 de outubro de 2006

RESOLVENDO DAR OUVIDOS

Se tem uma coisa que muitas pessoas NÃO imputam a mim é ser emotivo. Estou mais para o lado do racionalismo do que qualquer coisa. Qualquer pessoa que me conhece um pouco sabe disso. Mas a verdade é que eu tenho algo que eu costumava chamar de "dom" (não chamo mais porque não sei precisamente o que é). Nunca consegui explicar bem isso, seja da maneira racional, científica e espiritual. Sem relações com o filme do mesmo nome, posso dizer que isso se trata de uma espécie de "Sexto Sentido". É a coisa mais próxima de sobrenatural a meu respeito.

O fato é que nem sempre, mas na maioria das vezes, eu consigo "sacar" uma pessoa só de conversar com ela por um tempo, ou "pesco" um determinado ambiente estando lá por alguns instantes. Sem brincadeira, foram várias as vezes em que eu conhecia uma pessoa e algo dentro de mim gritava "seja como for não confie nesse ai, ele é sacana!!" ou então "pode ir sem problemas".

Eu costumava deixar essa "voz" de lado pensando que era apenas má impressão minha, me relacionava com a pessoa normalmente para, tempos depois, PÁ! Essa pessoa me passava a perna, e se mostrava de fato não confiável. Ai a voz dentro de mim dizia "eu te avisei...". Já quebrei a cara algumas vezes por não dar ouvidos a esta "voz".

E também errei no julgamento algumas vezes sim, mas comparado à quantidade de acertos, eu tenho passado a dar mais atenção para essa "voz" (que não é bem uma voz, mas sim quase que um pensamento ou sensação). Mas que "voz" seria essa? A voz de Deus? Ou a voz diabo?

Sinceramente eu sempre questionei essa "voz" porque começava a achar que tudo não passava de mero preconceito da minha parte quando tinha uma impressão ruim de alguém após 2 minutos de conversa. Ou pensava que na verdade, quem sabe, aquela voz era apenas medo. Sim, medo. Medo de mudança, desconfiança infundada, interpretação errada de sinais, etc e tal.

Bem, comecei a pensar que talvez não haja nada de sobrenatural nisso. E se essa "voz" for, na verdade, um intrincada e complexa conexão de neurônios em minha rede neural? Pequenos e imperceptíveis sinais da pessoa avaliada, tais como pequenos gestos, olhar, postura e até mesmo cheiro, podem alimentar com informações essa rede em meu cérebro, que por sua vez seria capaz de processar e decifrar isso de uma forma binária, do tipo "confie" e "não confie".

A neurociência ainda não conhece a maioria das funções cerebrais. Existem pessoas de verdade com cérebros dedutivos tão poderosos quanto os de Sherlock Homes. Existem pessoas com cérebros dotados de capacidade matemática tão avançada que beira o ridículo, conseguindo calcular equações de potencias tão altas que chega a ser obsceno. Nada a ver com estudo, mas sim apenas capacidade natural de nascença!

Nada impede que existam pessoas com mentes capazes de julgamento de caráter como a que descrevo, e nada impede que eu tenha uma mente dessas. Não que eu a tenha, é apenas uma suposição minha tentando entender o que eu tenho afinal de contas. Pode ser mera frescura até onde eu sei...

De qualquer forma todo ser humano tem essa capacidade de julgamento, uns mais, outros menos desenvolvido. Mas é algo tão desconhecido quanto o processo de tomada de decisão de um ser humano. E o fato de ser chegar a uma conclusão sem conhecer o passado da pessoa da um ar meio místico ou preconceituoso ao processo.

Eu sei que Deus nos fala para não julgarmos os outros, pois apenas Ele é digno de nos julgar. Sei muito bem disso. Quando "julgo" (não considero um julgamento de verdade) alguém, não a condeno a nada. Apenas fico com o pé atrás, pronto para receber uma possível rasteira, fechando todas as possibilidades dessa pessoa me sacanear de alguma forma. Ou simplesmente me afasto, ou me faço de desinteressado por ela. Mantenho uma distância segura.

Fazendo uma das minhas tão famosas analogias: é como se eu tivesse um YODA na minha cabeça. Se eu conheço um Anakin Skywalker da vida (cara de anjo), esse YODA me fala "Hum... fica esperto que esse ai vai aprontar". Mas fico tentado a pensar como Qui Gon Jin e tapar o Sol com a peneira... no final quem estava certo? O Yoda, velho e chato, ou Qui Gon, descolado e bonzão?!

Independente do que seja essa "voz", estou disposto a dar mais atenção a ela. Não de forma cega, é claro. Mas que ela merece certo crédito, eu sei muito bem que merece.

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