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15 de maio de 2006

PCC E HISTERIA COLETIVA


Este foi o dia em que vi a população de Campinas mais desesperada. Com certeza, foi uma experiência assustadora e histórica, que muitas pessoas vão se lembrar com desagrado. Boatos correndo a cidade toda, telefones totalmente congestionados, trânsito caótico e tudo quanto é empresa e estabelecimento fechando rapidamente um pouco depois do meio da tarde. E olha que o que aconteceu em Campinas não foi nem metade do que aconteceu em São Paulo.

Como alguns jornais relataram, não foi preciso a polícia ou as autoridades declararem toque de recolher para que a população, instintivamente, fizesse isso. Já estamos acostumados a não depender deles, e como todos andam a anos com os nervos em frangalhos devido à violência diária que temos, não foi preciso um político (que anda de segurança armado) nos falar o que devíamos fazer, certo? Portanto, todos trataram de ir para casa rapidamente antes de escurecer, só que todos ao mesmo tempo. Nunca tinha visto congestionamento para ir para Sousas, e graças a Deus por meu irmão ir me buscar de carro.

Para mim, o mais marcante de tudo foi me sentir um grão de areia levado pelo vento. Sinceramente, pego no meio da histeria coletiva, eu tinha dúvidas se eu conseguiria chegar em casa vivo, ainda mais que os ônibus estavam para cancelar a circulação e haviam pessoas correndo pelas ruas como se estivessem fugindo de algo. Foi, no mínimo, o dia mais estranho dessa cidade, e depois me senti um idiota ao perceber que a maioria da histeria era sem fundamento. Mas como dizem por ai, é melhor ter precaução demais do que de menos nestes casos.

Eu olhava para o Sol poente e imaginava que o perigo era como um vampiro que só sai de noite. A cada minuto a impaciência, não só minha mas aparentemente a de todos, ia crescendo junto com a escuridão. Tudo o que as pessoas queriam era correr para suas casas, se trancar nelas atrás das já habituais grades, portões e cadeados, ligar a TV e ver o que estava acontecendo do lado de fora. É uma vida triste a nossa. Sem emprego, sem dinheiro, sem expectativa de melhorias, sem segurança...

A tempos que eu digo que não gosto mais de viver em Campinas. A violência que já ocorre nesta cidade a muito tempo é um dos fatores preponderantes, mas existem outras coisas também. Espero conseguir ir para o Canadá em 2008, como planejo. Espero mesmo!

Entre o frio e a violência, fico obviamente com o frio, já que eu posso me aquecer mas não posso me proteger, por que o Estado, que devia fazer isso por mim, além de não fazer, não me deixa me proteger. Imagina então se aquela palhaçada sem tamanho do desarmamento tivesse acontecido... governo maldito sem vergonha!

Jesus amado... tenha misericórdia de nós, senhor. Tenha misericórdia de mim, me ajuda a ser alguém melhor, segundo a tua vontade, Pai! Porque a coisa ta preta por aqui e eu tou ligado que ou eu vou acabar indo dormir naquele caixote logo logo ou o Senhor vai vir acabar com a festa do tinhoso aqui na Terra, Senhor. Em qualquer uma das situações, quero estar pronto para Ti. Me ajuda a ser quem Tu quer que eu seja, Senhor. Mesmo no meio dessa loucura toda, Pai. Ou mesmo que eu vá para o Canadá, o que eu ainda não sei se é o que o Senhor quer para mim, mas pretendo tentar e, se for da tua vontade, de fato conseguir.

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