Pesquisar

17 de maio de 2005

FIM DE SEMANA DE REFLEXÕES

Neste final de semana eu, a Cris, o Ricardo e a Bel fomos até São Paulo para vermos algumas exposições de arte e fotografia. Bem, no final das contas nosso passeio se resumiu a pegar trânsito pesado na cidade, andar de metrô, comer em um restaurante japonês na Liberdade e visitar o Conjunto Cultural da Caixa na Sé e a Pinacoteca do Estado. O que mais gostei foi da exposição de fotografias de moradores de rua viciados em Londres, tudo em tonalidade de azul.

Infelizmente não me lembro do nome do fotógrafo e nem do nome da exposição em questão (foi no Quadrilátero da Sé mesmo, da Caixa Econômica... eu tenho uma cabeça péssima para nomes). As fotos eram muito fortes e limpas, e juntamente com o histórico de cada um dos modelos, conseguia impactar sem ser agressivo ou de mal gosto. Muito pelo contrário, me levou a refletir de forma bem introspectiva sobre o assunto.

Outra mostra de fotografias no mesmo lugar tinha por objetivo traçar um paralelo entre o que achamos ideal (nossos sonhos) e a realidade em que vivemos (nossa vida real). As fotos eram todas do chão (de praia, de piscina, etc) e logo acima delas havia uma foto do céu que havia imediatamente acima daquele chão. A mostra se propunha a fazer com que as pessoas admirassem um pouco mais a realidade em que nos encontramos (já que nunca temos tempo de simplesmente contemplar o que está a nossa volta). Percebi que a mensagem da mostra era a de que o lugar em que estamos (o chão) era tão bonito quanto o lugar com o que sonhamos (o céu). O que falta para percebermos a beleza do chão é, justamente, contemplá-lo com calma.

Após isso, no domingo, assisti a um filme com meus pais que se chama "A Lenda do Pianista do Mar", de 1999, do diretor Giuseppe Tornatore, com Tim Roth no papel de 1900, um homem que nunca saiu do navio em que foi criado desde bebê, e onde se tornou um pianista de habilidade inigualável no início do século XX., nos anos anteriores à segunda guerra.

O filme é de uma poesia e beleza encantadoras. Faz a gente parar e pensar na vida, na loucura do nosso dia a dia, e na beleza que as pequenas coisas possuem. Uma das falas que mais gostei do filme é quando um passageiro da terceira classe fala para 1900 que ele havia passado a vida toda em um pequeno pedaço de terra, e que após sua mulher fugir com o padre e seus filhos todos morrerem e febre, ele resolve sair pelo mundo justamente por que uma de suas filhas havia sobrevivido e que aquilo havia lhe feito tomar uma atitude de mudar sua vida. O homem disse que um dia subiu uma colina por suas andanças e que vira algo maravilhoso e chocante: o mar.

Para 1900, que sempre viveu no mar, ele não conseguia compreender o que havia de maravilhoso naquilo, até que o homem lhe disse que pode ouvir a voz do mar naquele dia em que o contemplou pela primeira vez. "Sabe o que a voz do mar disse, como que em um grito?"disse-lhe o homem. "Ei! Você ai, que tem a cabeça cheia de merda! A VIDA É IMENSA!!!".

O homem admitiu que diante do mar compreendeu que a vida em si é tão grande, tão cheia de possibilidades, que é besteira se prender aos problemas ou à rotina, que temos que viver a vida intensamente, entendendo que podemos fazer de tudo, que somos livres para encontrarmos a verdadeira felicidade!

O final do filme é triste mas bonito. Expressa bem o que sinto as vezes, um sentimento de incapacidade de lidar com o mundo e com as pessoas, que parecem, de uma forma um tanto quanto poética, infinitos. Como 1900 disse e eu concordo, "o mundo é um piano com teclas infinitas que eu não consigo tocar, não é meu instrumento... o mundo é o piano de Deus".

Concordo com isso. Não tenho controle sequer sobre a minha própria vida. Como na história que circula na Internet sobre "a pena de Forret Gump", eu sou como a pena que flutua no ar e que é levada de um lugar ao outro pelo vento, sem ter poder nenhum para escolher para onde vai, porém entendendo que este vento é Deus, e que ele vai me soprar para o melhor lugar que tem para eu estar naquele exato momento.

0 comentários: