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16 de novembro de 2004

INCERTEZAS

Estou assim como quem não tem mais pensamentos e lampejos. Triste, cético e distante, encolho-me em volta de mim mesmo tentando desaparecer. E a tristeza não é devido à perda, mas sim devido à incapacidade. Ou será que sinto pela perda de minha paz? Mais ou menos como Renato Russo cantou certa vez, "um dia pretendo tentar descobrir por que é mais forte quem sabe mentir... mas não quero lembrar que eu minto também".

Queria entender por que as coisas acontecem, por que parece que tudo está dando errado e por que a vida da mulher que eu amo está um inferno, e conseqüentemente a minha também. Mas será que saber serviria para alguma coisa? Entender ajudaria em uma situação como esta?

Fico pensando se Deus está fazendo isso deliberadamente, ou se tudo não passa de um aglomerado de situações aleatórias que por um acaso foi acontecer conosco. Muitas pessoas simplesmente internariam a mãe numa situação como esta, mas esta opção parece completamente impossível para nós, já que é compreendida como sinônimo de fraqueza, desistência e abandono.

Mas o que fazer quando fica claro que se não todos mas sim a grande maioria dos problemas que nos afligem parecem ter sua origem em uma única pessoa?

Confuso e triste resta-me fazer o que? Apenas me entregar à Deus e pedir misericórdia, mas parece que não tem adiantado. Tenho sentido-me tão imundo que não me vejo digno de pedir nada ao Pai, e sei que isso é errado. Mas a verdade é que afastei do Senhor nos últimos meses e não me sinto digno de agora, enfrentando uma situação terrível, me aproximar Dele para obter ajuda nesta situação. Não é apenas dificuldade em me humilhar perante o poder de Deus (é isso também), mas o principal é pensar que isso não adiantaria por eu mesmo achar que eu não estaria sendo sincero.

Como é difícil ser crente meu Pai (ou ao menos tentar seu)... e como dói a vida neste mundo! Como as dificuldades nos dilaceram, e como o pecado mói nossas almas ao ponto de não sentirmos mais nada a não ser a dor de ter uma vida miserável! Ai de mim Senhor... ai de mim que não sei o que vai no meu próprio coração! Ai de mim Jesus, que não tenho domínio sob meus próprios atos e sob minha própria mente! Ai de mim meu Deus, que não sei o que fazer, nem como agir, nem como pedir, nem como orar, nem como suplicar, nem como viver, nem como agir, nem como chorar, nem como me humilhar, nem como me converter, nem como mudar. Ai de mim por que sou falso e mesquinho, e fraco, e medroso, e pequeno, e não sei mais o que fazer diante de tanta coisa que vem acontecendo, e diante de tanta dor e tanto sofrimento...

O que vai ser de mim, Deus? Contendo as lágrimas diante diante do meu computador aqui no meu trabalho, preocupado em não despertar preocupação em meus colegas de trabalho diante do meu desespero? Apertando dentro do meu peito o desespero em ver que eu não posso fazer nada para ajudar, e muito menos nada para resolver as dores não do mundo, mas sim daqueles que estão próximos a mim, daqueles a quem amo?! E tão pouco sem saber como agir! E muitas vezes tento medo de agir ao saber o que fazer?!

Inútil eu sou, indigno de lamber o pó de seus pés, indigno de ser chamado de seu servo, pois só me aproximo de ti quando me convém. Quem sou eu para querer resolver algo? Ou consertar uma situação tão impossível humanamente falando como esta que minha noiva vive? Quem sou eu para achar-me um dia justo perante os olhos de Deus e pedir para ele algo e certamente ter em troca? As coisas acontecem de acordo com a vontade de Deus, e assim será queira eu implorando ou não.

Eis ai o motivo do meu choro doído que estou engolindo de forma tão precária agora. Não sei o que vai acontecer. Não sei se minhas orações serão ouvidas, sendo eu quem sou e agindo como tenho agido, e fazendo o que tenho feito. Tudo o que eu tenho conseguido fazer agora é conter o choro dentro de mim, e ter medo, e me entristecer. Por que tudo o que resta fazer é confiar em Deus... por mais difícil que isso esteja sendo para mim.

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