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26 de setembro de 1998

PONDERAÇÕES

Ser triste é algo que acaba viciando. É mais forte que ópio e mais horrível que a dor. Não é sábio passar tanto tempo assim, como eu passei. É um abismo sem beiradas, um caminho sem volta. Uma penitência eterna, em querer achar que se está errado, e que ainda há tempo para poder voltar atrás. Mas é um ledo engano pensar como um condenado, afinal fomos nós que fizemos a escolha. E não diga que não sabia onde estava se metendo quando adentrou em seus domínios, pois todos nós sabemos dos riscos. E sabemos exatamente onde leva tal caminho. Não sei quanto tempo ainda me conterei, mas espero que minhas palavras sejam mortas em pouco tempo. Que eu mude e enfim possa desfrutar a vida de que todos falam tanto. Que eu caia em contradição, e admita que estava errado. Que ainda exista tempo, que ainda exista salvação, e que eu seja salvo também.


Não me restam mais esperanças, apenas decepções, e isso é o que existe em meu coração. Não sei amar, e posso morrer por tal pecado. Mas não há nada que eu possa fazer no momento, a não ser implorar, e nem isso adianta. Não me conhecem por aqui, e nasci em tal lugar. Passaram-se praticamente 20 anos, e eu ainda sou um estranho para essa gente bonita e falante de minha cidade. Pode ser que venham a tomar conhecimento de mim após minha morte, mas prefiro que me conheçam agora, enquanto posso pronunciar um olá razoavelmente firme.

Eu não queria muito desta vida. Desejo apenas ser completo em mim mesmo, mas isso só não basta. Tenho que buscar outra pessoa para me completar, e isso é tão difícil para mim que me torna um monstro solitário em busca de prazer. Queria uma esposa, uma casa, um trabalho e uma filha. Não tenho nenhum. E é muito provável que nunca os tenha. Mas seria pretensão minha querer prever o futuro.

Ainda mais o meu. Sim, o que nos trás esperança é a certeza de que não se pode saber o que vai acontecer amanhã. Mas isso me dá medo. Pois tenho a nítida impressão de que posso morrer a qualquer instante, e o pior, sem provar o tão falado amor.

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